A exposição “A Corte Negra de São Benedito” retrata aspectos religiosos de escravos angrenses que eram proibidos de freqüentar as mesmas igrejas que os brancos no séc. XIX. A iniciativa é da Prefeitura de Angra, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, e da Secretaria de Cultura e Patrimônio, em homenagem ao mês da Cultura e da Consciência Negra. A apresentação começa hoje (9) e vai até o dia 26 desse mês, na Casa Larangeiras. A mostra acontece de terça a sexta-feira, da 10h às 18h, e aos sábados e domingos, das 10h às 14h.
Trajes de reis e rainhas negros, coroas, objetos de tortura e documentos manuscritos ajudam o público a entender como era a vida há dois séculos. Todos esses artigos históricos pertencem a antiga Paróquia de Freguesia de Santana, da Ilha Grande, que está sob a guarda do Museu de Arte Sacra. “É uma mostra onde vamos falar da cultura negra através da devoção católica.” Explica o diretor de patrimônio histórico, que ressalta a importância de saber que Angra dos Reis foi fundamental para a história do nosso país “Angra é Brasil”, completa.
Os grupos de escravos católicos eram chamados de Irmandades de Negros, surgiram na Europa e se propagaram pelo continente americano. As primeiras vilas de devoção a santos negros foram difundidas em Angra dos Reis e está tradição ainda é observada em igrejas como Nossa Senhora do Rosário, em Mambucaba, e Igreja Matriz e Convento São Bernardino de Sena, no Centro. No Convento, inclusive, foi fundada a Irmandade de São Benedito que conserva a tradição da cultura africana.