A exposição Angra Antiga, da artista plástica Elô Graciano, foi aberta ontem (5), na Casa de Cultura Poeta Brasil dos Reis. São 11 telas, em preto e branco, que poderão ser visitadas, gratuitamente, pelo público até o dia 25 de junho. Elas retratam recantos da cidade e construções históricas dos séculos XVIII, XIX e da primeira metade do século XX.
Não por acaso, a paleta com tintas pretas e brancas foi utilizada como recurso, já que, no imaginário popular – influenciado pelo cinema e pela televisão –, as recordações são representadas costumeiramente nestas duas cores.
Nesta exposição, que tem curadoria de Marcelo Ramos Moreira, o visitante poderá se sentir como se estivesse em uma varanda que dá vista para diferentes paisagens pictóricas e desperta a curiosidade sobre as suas histórias.
Dali é possível contemplar obras como a que retrata a Igreja Matriz (construída entre fevereiro de 1625 e fevereiro de 1750, concluída 125 anos após o início dos trabalhos). Outra pintura é Chafariz da Saudade, que traz o charmoso monumento inaugurado em 1871 como marco da primeira visita do imperador Dom Pedro II a Angra. Também está no acervo a tela Mercado de Peixe, uma das joias do patrimônio angrense, inaugurado em 1914, mesmo ano do Colégio Naval: aliás, os dois prédios em estilo eclético foram projetadas pelo mesmo autor, Rosalvo Mariano da Silva.
Não poderia ficar fora desta mostra a representação do Convento São Bernardino de Sena, talvez o maior ícone arquitetônico de Angra: o complexo que pode ser visto de longe, da terra ou do mar, abrigou 30 frades franciscanos entre 1763 e 1859, quando começou a se deteriorar até ficar em ruínas.
Muitas são as direções e jornadas para diferentes épocas, que também incluem o Chafariz da Carioca (que desde 1842 jorra água e inspira lendas), o Largo da Lapa (com sua igreja de 1752) e a Capela do Nosso Senhor do Bonfim (capricho arquitetônico erguido em uma ilhota em 1780). Completam o conjunto exposto objetos decorativos moldados pela artista em papel machê e pintados à mão.
A exposição pode ser conferida de segunda a sexta-feira, de 10h às 18h, e aos sábados e domingos, de 10h às 14h.
Sobre a artista
Natural de Angra dos Reis, Elô Graciano mantém sua trajetória artística há 18 anos, perpetuando em telas as imagens da Angra Antiga. A artista domina como poucos a técnica de pintura em preto e branco, sabendo dosar luz e sombra, adequadamente. Tal resultado foi atestado por alguns de seus mestres, como Felício D’Andrea e Alda de Assis, que sempre a encorajaram a percorrer esta trilha pictórica. Desde o ano 2000, quando começou a participar regularmente de exposições coletivas e a realizar mostras individuais, a artista é reconhecida e elogiada pelo poético resgate plástico da paisagem colonial da terra onde nasceu e sempre viveu.
Ela se apropria de velhas fotografias do centro e de vários recantos do município para traduzir em pintura sua memória afetiva. Durante a infância e a juventude, presenciou as transformações urbanísticas do rico cenário de outrora e testemunhou o desaparecimento de muitos exemplares do casario que compunham harmoniosos conjuntos arquitetônicos em nossas ruas, becos, largos e praças. Na maturidade, ela se mantém motivada a trazer de volta o belo panorama angrense de outras épocas.