Cerca de cinco mil alunos da rede municipal de ensino estão tendo a oportunidade de participar da Festa Internacional do Teatro de Angra (FITA). Eles estão indo ao Teatro Municipal e a Tenda na Praia do Anil assistir aos espetáculos da Fitinha, com ingresso e transporte totalmente gratuitos. Os estudantes da Ilha Grande não ficaram de fora. Na quarta-feira (19) alunos da Escola Municipal Pedro Soares, na Praia do Provetá, atravessaram o mar para assistir a peça “Filhote de Cruz Credo”.
Antes deles, na terça-feira (18) foi a vez dos estudantes da Escola Nova Perequê, no Parque Mambucaba, irem ao teatro. Eles assistiram ao “Pequeno Príncipe Preto”, apresentado pelo ator Júnior Dantas, que durante anos morou e atuou em Angra dos Reis e agora conquistou os palcos do país.
A peça protagonizada por Júnior Dantas discute o empoderamento e a autoestima de crianças e adolescentes negros que não se vêem representados na maioria dos livros, bonecas e bonecos que lhes são oferecidos. Permeado por canções e brincadeiras, o espetáculo semeia o entendimento sobre a importância da valorização de questões como diversidade, cultura, amor, generosidade, empatia e respeito, além de ressaltar a influência do aprendizado familiar para que as crianças cresçam fortalecidas.
- Vir a Fitinha é um momento de inclusão. Muitas crianças nunca tinham vindo ao teatro, aí eles vêem as peças e ficam deslumbrados. A gente vai chegar na sala de aula e vai comentar, vai discutir sobre o que eles viram. A peça foi muito interessante, falou sobre vários preconceitos, vários tabus. Vamos fazer um trabalho em cima disso, de tudo o que assistimos aqui – explicou Eliane Barbosa, professora do 5º ano da escola Municipal Nova Perequê.
A mensagem de empoderamento transmitida ao longo do espetáculo parece ter sido assimilada por alguns estudantes.
- O que eu mais gostei foi que ele falou sobre o racismo que a professora fez com ele (o ator contou que quando criança foi impedido de interpretar o príncipe na peça da escola porque não era loiro de óculos claros). Eu já sofri preconceito. Me chamam de quatro olhos só porque eu uso óculos, mas eu não ligo quando me chamam disso, quase todo mundo usa óculos – afirmou a aluna da Nova Perequê, Fernanda Gabriela, de 11 anos.
Assim como aconteceu em Angra, onde se apresentou em três sessões lotadas, Junior Dantas conta que a receptividade do público tem sido ótima.
- Essa peça é um empoderamento, não temos superheróis negros. Esse espetáculo é como se fosse um filho pra mim, eu conto passagens da minha vida nele e fiquei muito feliz de me apresentar em Angra. Os pais que assistiam às minhas peças adultas agora trouxeram os filhos e assim vai renovando a plateia, o que é importante para a manutenção da FITA – destacou o ator.
Mostra Paralela
Uma novidade nesta edição é a Mostra Paralela que contempla oito montagens amadoras, com produtores e atores angrenses com o intuito de fomentar e valorizar e incentivar a cultura local. Totalmente gratuitas, as sessões acontecem em espaços culturais da cidade, em uma parceria do evento com a Prefeitura de Angra, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, via Secretaria Executiva de Cultura e Patrimônio.
A programação completa da FITA, que vai até 30 de setembro, pode ser encontrada no site www.fita.art.br.