Último dia de Carnaval

Sem chuva, angrenses e turistas curtem Arlindo Cruz e o bloco Rosa Choque, uma homenagem ao Dia da Mulher

Quarta-Feira, 09/03/2011 | .

O Carnaval de 2011 em Angra dos Reis foi um sucesso. Milhares de pessoas, dentre turistas e moradores, movimentaram o Centro e os bairros. A prefeitura, por meio da Fundação de Turismo (TurisAngra) e Fundação de Cultura (Cultuar), investiu nos tradicionais blocos e bailes de Carnaval, matinês, apresentações no Cais de Santa Luzia e shows na Praia do Anil. Coube ao sambista Arlindo Cruz encerrar o Carnaval de Angra em grande estilo nesta terça-feira, dia 8. Agora só no ano que vem.


 O último dia de Carnaval foi também o Dia Internacional da mulher. Por isso, o Carnaval de Angra teve um bloco especial: o Rosa Choque. A idéia foi da primeira-dama do município e subsecretária de Gestão de Projetos, Alessandra Jordão. Uma forma de homenagear as mulheres angrenses. O bloco partiu da praça General Osório (Praça do Carmo), assim como todos os blocos da noite, e arrastou uma multidão cor-de-rosa pelas ruas do Centro. Até os homens aderiram à cor. Alessandra, o prefeito Tuca Jordão e seus familiares acompanharam o bloco e pularam ao som das marchinhas e do frevo.


 O Rosa Choque encerrou sua festa na avenida Júlio Maria, em frente a outra que acontecia no Cais de Santa Luzia, com direito a cama elástica para as crianças, quiosque e uma banda afinada divertindo o público. No cais, a presença das famílias foi predominante.


 O segundo bloco foi o Sujos de Lama, do Morro do Carmo, que misturou Carnaval com festa junina. “Carnaval e quadrilha, uma questão de amor” foi o tema do ano. O caranguejo, mascote do bloco, abriu a passagem cercado de bandeirinhas de São João e de crianças vestidas com trajes típicos de quadrilha. Casais de jovens, também com roupas típicas, faziam passos de quadrilha ao som da bateria. O bloco, que não desfilou no ano passado, voltou com muita garra às ruas angrense. O presidente, Robson Cosme, também aproveitou a data para fazer uma homenagem às mulheres e entregou um buquê de flores para a mãe.


 Do carro de som, o teclado simulava o som da sanfona, acompanhado pela bateria de Renatinho JP. Daiana, a rainha da bateria, demonstrou muito samba no pé. Hoje tem São João / Caminho da roça / Olha a cobra, é mentira / É festa tradicional / Com Sujos de Lama, quadrilha e Carnaval, cantavam. 


 A história do Bloco Sujos de Lama começa em 2003, quando seus fundadores participam do resgate de uma embarcação na Praia da Ribeira. Ao se verem todos elamaçados, tiveram a idéia de formar um bloco carnavalesco naqueles “trajes”. O primeiro desfile foi em 2004 e, de lá para cá, os elamaçados foram aos poucos substituídos por foliões com abadás. As cores do Sujos de Lama são abóbora e preto, inspiradas no caranguejo.


 O Mocidade Unida do Tatu foi o terceiro bloco da noite. Com o samba “Eu quero mais é beijar na boca”, de autoria de Marquinhos do Tatu, o bloco levou o beijo para o Carnaval angrense: Se for beber, beba com moderação / Se for beijar, olha o respeito, meu irmão”. Crianças de máscara abriram a passagem para o bloco. O cavaquinho e a bateria da Mocidade fizeram todo mundo sambar e arrastaram, inclusive, muitos componentes de outros blocos.     


 O bloco Mocidade Unida do Tatu, como diz o nome, é formado por moradores do Morro do Tatu, mas tem sua origem em Piraí. É que seu fundador, Jorge Luis da Costa, morava naquela cidade quando decidiu montar um bloco carnavalesco junto com seu primo, Vanderlei Corrêa. A Mocidade surgiu em 1992. O mascote é o tatu e as cores do bloco são azul, amarelo e branco.


 Em seguida foi a vez do bloco Galera do Rock, que veio comemorando a volta do Rock in Rio, evento que embala gerações desde os anos 80. O símbolo do festival estampava a camisa do bloco deste ano. Após se aquecer com sambas-enredos e marchinhas e convidar a todos para estar no próximo Rock in Rio, em setembro deste ano, o Galera do Rock deu sua partida ao som de muito... axé. Logo de cara, tocando Chiclete com Banana para delírio do público, que pulou e agitou durante todo o percurso. “Isso é Galera do Rock”, gritava o DJ, enquanto o público dançava com Cláudia Leite, Ivete Sangalo, Asa de Águia, Timbalada etc.


 O Galera do Rock tem mais de 20 Carnavais. Com o fim dos bailes do Clube Aquidabã, uma turma de amigos que não queria deixar a folia se acabar teve a iniciativa de fundar o bloco e continuar agitando durante os Carnavais. O presidente do Galera do Rock é o comerciante João Willi.


 Para encerrar os blocos, como já é tradição, o Quarta sem Lei fez todo mundo sambar com sua poderosa bateria. Neste ano o bloco contou a história da famosa procissão marítima de Angra. Tudo começou como uma brincadeira, com José Bonifácio de Oliveira, o “Boni”, da Globo. Em 1978, Boni reuniu um grupo de amigos, uns barcos, e decidiu fazer uma procissão marítima em homenagem à padroeira da cidade. De lá para cá o evento só cresceu: Logo transformou-se em culto nacional / Brilhando no cenário internacional / Hoje da Gipoia à Praia do Anil / As embarcações são mais de mil, diz a letra do samba.


 O Quarta sem Lei foi formado há 14 anos por músicos ligados à MPB e à seresta. Dentre eles, Leaci Fernandes, Rui Reis e Beto Magno. O bloco tem como característica enaltecer as belezas de Angra e também a boemia, o samba e o chope, elementos sintetizados no bem bolado símbolo do bloco, que traz o brasão de Angra dos Reis e um caneco.


 Enquanto os blocos agitavam as ruas do Centro, o público ia chegando à Praia do Anil. Aos poucos, a areia da praia era tomada pela multidão. O Inspirasamba abriu a noite e fez todo mundo cantar e dançar enquanto aguardava Arlindo Cruz, a atração principal. O sambista chegou por volta da meia-noite e atendeu os fãs no camarim dando um show de simpatia antes do show principal. Quando subiu ao palco, as casas com vista para a praia pareciam camarotes, com muita gente nas janelas e varandas.


 Arlindo, muito bem acompanhado por sua banda de oito integrantes, cantou sucessos dele e de outros compositores: “Ô Irene”, relembrava os tempos em que fazia parte do grupo Fundo de Quintal; “Bagaço da laranja” e “SPC”, composições dele em parceria com Zeca Pagodinho; “O meu lugar”, também de sua autoria, um de seus recentes sucessos.


 Arlindo Cruz interpretou vários sambas-enredos memoráveis, sempre acompanhado por um coro de milhares de pessoas. O sambista cantou União da Ilha, Beija-Flor, Mocidade Independente, Salgueiro e, como não poderia faltar, Império Serrano, sua escola do coração. Para encerrar a noite, “O show tem que continuar”, dele com Sombrinha e Luiz Carlos da Vila. Mais uma para relembrar o Fundo de Quintal.    

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