Seminário sobre segurança de encostas

Obras de emergência e prevenção são as principais frentes de trabalho apontadas pelos técnicos

Terça-Feira, 19/04/2011 | .

A Prefeitura de Angra dos Reis realizou na segunda-feira, dia 18, o Seminário Sobre Segurança das Encostas. O evento foi realizado no Centro de Estudos Ambientais (CEA) e contou com a participação do prefeito de Angra, Tuca Jordão, do secretário de Meio Ambiente, Marco Aurélio Vargas, além de diversas autoridades municipais e técnicos de mecânica do solo. O encontro foi uma oportunidade de se discutir ações e tecnologias aplicadas na estabilização de encostas e na prevenção de acidentes em áreas de risco, além de mostrar o que a Prefeitura de Angra tem feito para evitar novos deslizamentos e acidentes e também para reconstruir as áreas afetadas.


 A presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, participou da abertura e representou o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Minc. Marilene, que era a secretária da pasta no início do ano passado, ocasião das tragédias em Angra, elogiou o trabalho do governo municipal na reconstrução da cidade.


 – Desde a tragédia, o que ficou claro foi a sua coragem – disse ela ao prefeito Tuca Jordão, destacando que a prefeitura vem tomando decisões no sentido de buscar o que é melhor para a população, ainda que sejam difíceis politicamente. – Todos estão demonstrando uma preocupação verdadeira com o problema das chuvas – afirmou a presidente do Inea, lembrando que Angra dos Reis tem sido um exemplo para outros municípios nos trabalhos de emergência e prevenção.


 – Nosso governo tem trabalhado com seriedade e responsabilidade. A tragédia para muitos é passado, mas para mim ela é presente. Só não quero que a tenhamos no futuro – afirmou Tuca Jordão. O prefeito falou sobre os investimentos que têm sido feitos no setor, como o mapeamento geológico e geotécnico. Angra é a terceira cidade do Brasil a dispor deste tipo de instrumento, depois de São Vicente e Santos.


 Tuca falou ainda sobre o estudo hidrológico que a prefeitura tem feito na bacia entre os rios Mambucaba e Bracuí, área que sofre frequentemente com alagamentos, e lembrou que está abrindo licitação para a obra do Morro do Carmo, orçada em R$ 31 milhões, que será custeada com recursos próprios da prefeitura. O governo municipal já investiu mais de R$ 100 milhões em obras, prevenção e na assistência às vítimas.


 – Nenhuma família está desamparada. Ou está recebendo aluguel social ou morando no novo condomínio – disse Tuca, referindo-se ao Condomínio Cidadão do Areal, onde foram construídos 140 apartamentos para moradores de áreas de risco.          


 O engenheiro Luiz Francisco Muniz, da empresa Muniz & Spada, descreveu o andamento das principais obras de contenção que estão sendo feitas em Angra, como as do Morro da Carioca, Morro da Glória II, Morro do São Bento, Bonfim, Praia Vermelha e Morro do Tatu. O destaque foi para o projeto elaborado para o Morro do Carmo, onde serão utilizadas as barreiras flexíveis.


 A geógrafa e geomorfóloga Ana Luísa Coelho falou sobre o trabalho de mapeamento das áreas de risco de Angra pela Coppe/UFRJ. Ela apresentou dados como os altos índices pluviométricos que atingiram o município na ocasião da virada de 2009 para 2010, quando os deslizamentos com vítimas fatais ocorreram. O trabalho é considerado fundamental não só para indicar quais são as áreas de risco, mas também quais são os graus de risco e as prioridades de intervenção.


 Anna Laura Nunes, engenheira da Coppe/UFRJ, falou sobre o funcionamento das barreiras flexíveis, que serão utilizadas no Morro do Carmo. A utilização desse sistema vai evitar a demolição de cerca de 500 casas que ocupam o entorno do morro. As barreiras flexíveis são malhas de aço presas a vigas fincadas a sete metros de profundidade no morro. Diversas barreiras são colocadas ao longo do morro para resistir ao impacto dos blocos rochosos que deslizarem. As barreiras podem ser substituídas na medida em que houver desgaste decorrente desses deslizamentos.


 – As barreiras precisam ser flexíveis para acomodar a energia dos blocos que se deslocam. A Europa é usuária deste tipo de tecnologia faz tempo – disse a engenheira, que também fez elogios à forma como a Prefeitura de Angra vem conduzindo seus trabalhos.


 – A prefeitura tem sido um exemplo, tomando posições em prol da comunidade e chamando técnicos para discutir soluções – afirmou.


 Em seguida, Alberto Sayão, engenheiro e professor da PUC-RJ, falou sobre o gerenciamento de encostas: – O mapeamento é a primeira fase, depois vem a instrumentação e monitoramento. Todas essas fases são um trabalho de longo prazo, mas Angra está no caminho certo e com certeza essas atividades vão servir de exemplo – disse Sayão.


 Maurício Siqueira, engenheiro da empresa IDS, falou sobre o sistema italiano de monitoramento chamado Ibis-M, que irá elaborar relatórios online sobre a movimentação das encostas. Logo depois, José Carlos Castilho de Freitas, arquiteto da Muniz & Spada, falou sobre o estudo hidrológico que está sendo realizado. Castilho ressaltou a necessidade de se fazer obras hidráulicas ao longo da rodovia Rio-Santos para o escoamento da água da bacia hidrográfica do Parque Mambucaba.      


 Também estavam presentes o secretário de Governo e Defesa Civil, Carlos Alexandre Soares, o presidente da Câmara Municipal, José Antônio, representantes da Marinha e do Ministério Público, vereadores e demais secretários municipais.

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