A cultura e a religiosidade caminharam juntas na noite de ontem, Sexta-feira –Santa, no Centro de Angra, com missas, encenação do Auto da Paixão e a imensa procissão do Enterro pelas principais ruas da cidade. Como vem acontecendo há alguns anos, a procissão resgatou o lamento da Verônica, cantado por Leni Peixoto , em alguns altares da Via Sacra.
Quem estava visitando a cidade pode assistir a um belo espetáculo cultural e, junto com a população, participar de uma tradição secular cheia de simbolismo, tendo oportunidades de praticar sua fé ou de conhecer como os católicos da cidade a manifestam.
Ana Miriam Batista, 18 anos, de Barbacena (MG) está passando o fim de semana em Angra, em uma casa na Ilha da Gipóia. Resolveu vir à cidade porque queria ir a uma missa,como sempre faz com a família na Semana Santa e se surpreendeu com as manifestam da cidade.
_ Sou católica e resolvi dar um pulo na cidade para conhecer as igrejas. Acabei indo na missa, assistindo ao Auto da Paixão feito por jovens como eu. Achei tão bonito que não resisti e fiquei para ver o restante. Participei da procissão, que foi linda, com o canto da Verônica. Estou contente porque trouxe outros amigos comigo que acabaram participando de tudo, embora não sejam católicos como eu. Saio feliz de Angra porque pude ter lazer e participar da celebração religiosa, porque quando saí de minha cidade, achei que não iria conseguir fazer as duas coisas. Acredito que é importante manter a fé e as tradições e Angra está de parabéns- disse a jovem.
Os festejos da Semana Santa, no Centro, que acabam amanhã,24, com as celebrações da Páscoa, são realizados pela Paróquia Nossa Senhora da Conceição com o apoio da prefeitura, através da Fundação Cultural de Angra (Cultuar).
Representando a Prefeitura de Angra dos Reis marcaram presença no evento, o presidente da Cultuar, Paulo Mattos e o diretor executivo, Marcos Fernando Batata, que parabenizaram o frei Fernando, os coordenadores do Auto da Paixão, Marcão e Benedita e os jovens do Grupo Esperança do Amor, pelo belo espetáculo religioso e cultural.
Na sexta-feira, as celebrações começaram com missa no Carmo, seguida pelo Auto da Paixão feito pelo Grupo Jovem da paróquia, que encenou , em um grande palco montado em frente ao convento, a passagem da última ceia até a morte de Jesus na cruz. O auto emocionou a todos, principalmente quando Maria interpretada por Tamires, coloca Jesus morto no colo e lamenta a sua perda. Jesus foi interpretado brilhantemente pelo jovem Luan.
Após o auto, a procissão do Enterro saiu por volta das 20h30da igreja da Ordem Terceira do Carmo, com todos os símbolos tradicionais religiosos e percorreu as principais ruas do Centro.
Na procissão se destacavam a cruz Professional (crucifixo) com a cor roxa abrindo o cortejo; a matraca que é um instrumento que faz um grande barulho para lembrar os trovões que caíram sobre Jerusalém após a morte de Cristo; bandeiras e integrantes das irmandades de São Benedito e da Ordem Terceira do Carmo; a bandeira do senado romano que condenou Jesus; a cantora Leni Peixoto fazendo o papel da Verônica, acompanhada das “Beús”, mulheres que lamentavam a crucificação de Jesus; a esquife com a imagem do Senhor Morto, carregado pelos fieis; o vigário Frei Fernando, população e a banda de Música Jardim Sarmento entoando duas marchas centenárias “Saudade” e Saudade eterna”, além de vários hinos tradicionais da procissão como “Vitória” e “Como Jesus vou carregar minha cruz”.
A última procissão da Semana Santa, no Centro de Angra dos Freis é a da Ressurreição que sai, às 5h da manhã, da igreja do Carmo em direção à Igreja Matriz, onde acontecerá um café comunitário e a missa solene de Páscoa.
Auto da Paixão e Procissão do Enterro em Angra
Duas belíssimas celebrações religiosas e culturais marcaram a Sexta-feira da Paixão