Multidão acompanhou Procissão de São Benedito

Centenas de fieis acompanharam a imagem, pelas principais ruas da cidade, demonstrando fé e devoção

Terça-Feira, 26/04/2011 | .

A festa de São Benedito começou na semana passada, no Centro de Angra, no dia 18 de abril, com a celebração da subida do mastro, em frente ao Convento do Carmo. Missas e eventos, como alvorada com grupos de congadas e de folias do São Benedito, coroação do Rei e da Rainha da festa, ingresso de novos membros na Irmandade e solene missa campal seguida de almoço comunitário no pátio do Ceav, enriqueceram o evento, que culminou com a tradicional procissão, no final da tarde de segunda-feira, após a Páscoa.


A procissão é uma das mais concorridas do município, pois vem fieis de todos os bairros para seguí-la, respeitando ensinamentos dos antepassados, muitos deles escravizados africanos e descendentes, que iniciaram o culto ao santo na cidade. Todo o evento religioso e profano é realizado pela centenária Irmandade de São Benedito, coordenada por Carlindo Gomes, com apoio integral da prefeitura, através da Fundação Cultural de Angra (Cultuar) e da TurisAngra.


Como reza a tradição, após as cerimônias religiosas, os fieis se divertem em uma grande quermesse, sempre montada no Aterro do Carmo, com barraquinhas vindas de diversos lugares do Brasil.


Neste ano a procissão saiu da Igreja da Ordem Terceira do Carmo e parecia ainda mais bonita com o canto dos fiéis carregando velas e porque foi enriquecida pela participação de de um número maior de imagens em seus andores, todos enfeitados, como a de Santa Luzia, Nossa Senhora das Dores, Menino Jesus da Cabeleira, Nossa Senhora de Fátima, Santo Expedito e São Jorge que abriu a procissão, sendo levado por um carro da Cultuar.


A imagem de São Benedito, original desde o início do culto, século XVII,  foi a última a sair da igreja, sob pétalas de flores e muito aplaudida. Seu andor , o mais pesado do cortejo, tem colunas de madeira do século XVIII . Para ser montado necessita de técnicas especiais. E para ser carregado precisa de bastante homens se revezando, tamanho é seu peso.


A Banda Jardim Sarmento tocando hinos antigos das procissões e em homenagem a São Benedito, grupos de Congadas de Guaratinguetá (SP) e a Folia do Codrato (Angra), também participaram da procissão, se revezando nas execuções das folias.


O dançarino Hugo de Oliveira, levava uma vela para agradecer ao santo, que acredita ter lhe ajudado , abrindo as portas da cidade, quando chegou em Angra, há três anos, vindo de São João de Meriti (RJ). “Já participei de diversas religiões, mas depois que cheguei aqui me encontrei no catolicismo e tenho São Benedito e Nossa Senhora da Conceição, como meus protetores. Acho as procissões belíssimas e tenho fé nos Padroeiros de Angra. Por isso estou aqui para agradecer todas as graças”, explicou.


Conceição, moradora do Morro da Cruz, participava da procissão com os netos Wesley e Brenda . Conta que é católica praticante e aprendeu a venerar São Benedito com os pais. “Eu trazia meus filhos para as procissões, como meus pais faziam, e agora trago meus netos , para que eles não esqueçam a tradição da família”, diz ela.


Autoridades diversas acompanhavam o cortejo, sob a chuva, como o prefeito Tuca Jordão e a Primeira Dama Alessandra; e o presidente da Cultuar, Paulo Mattos , que junto com a esposa , participou da procissão levando as varas do pálio (tipo uma grande sobrinha), que na liturgia católica encobre símbolos como o santíssimo sacramento. Na ocasião encobria relicários representando o santo lenho, pedaços da Cruz de Cristo.


Os festeiros Benedito Miranda e Odete de Souza, e o festeiro do mastro José Augusto (Biju), seguiram a procissão, lado a lado, acompanhados do Rei Negro, representado por Edmilson Dias e da Rainha , representada por Olga Juvenal da Silva, além das mucamas Michele, Teresa e Vera, e das crianças – o príncipe Júlio César e a princesa Luana - , todos vestidos a caráter. Olga e Michele são da comunidade Quilombola do Bracuí. Crianças vestidas de anjinhos também fizeram parte da encenação religiosa. Coordenando toda a parte religiosa estava o padre Felipe, que puxava as orações, junto com a Irmandade de São Benedito.


Neste ano a missa solene foi celebrada com beleza e uma simplicidade contagiante, própria da emanada pelo santo, que é considerado o segundo padroeiro da cidade, no Cais de Santa Luzia, a partir das 9h, pelo Bispo da Diocese de Itaguaí, Dom José Ubiratan, auxiliado pelo padre do Colégio Naval, Ubiratan. O bispo, que nos últimos anos vem celebrando a missa falou sobre a vida de desprendimento e doação do franciscano Benedito, conclamando os fiéis a seguir seu exemplo.


A procissão, que vem sendo realizada desde o século XVII pela Irmandade de São Benedito e a igreja católica, é rica em simbolismos e sincretismos. Homenageia São Benedito, que foi franciscano, bondoso cozinheiro e filho de escravizados africanos , nascido provavelmente em 1526, no Sul da Itália.
Nos dias da festa , a cidade fica toda enfeitada para esperar a passagem das três procissões oficiais: a da subida do mastro, a principal, na segunda-feira  após a Páscoa, e a de descida do mastro, sempre no domingo subsequente à procissão, a partir das 17h. A procissão solene emociona os participantes, centenas de pessoas que a seguem, e as que ficam nas esquinas, calçadas, janelas e varandas esperando-a passar.

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