Bons ventos para o setor cultural. Mais dois ótimos anúncios foram feitos no dia 13 de maio, pelo presidente da Fundação Cultural de Angra , Paulo Mattos, durante a 1ª Festa da Cultura Negra : que a festa vai entrar para o calendário municipal de eventos e que o governo municipal vai estudar e anunciar brevemente um reajuste na verba de auxílio que a prefeitura repassa para os cantores do Coral da Cidade. Paulo Mattos obteve as informações através do secretário de Governo, Carlos Alexandre Soares, presente ao evento.
A Festa da Cultura Negra foi realizada pela prefeitura e a Cultuar em parceria com o
o movimento negro Ylá Dudu, comunidades quilombolas do Bracuí (Angra) e do Campinho (Paraty); associações de capoeira; Irmandade de São Benedito, ligadas à Igreja de Santa Luzia; padre Felipe da Paróquia do Frade; e representantes de religiões espíritas. O prefeito Tuca Jordão, vereadores e todos os secretários municipais participaram das atividades.
A festa foi idealizada pela Cultuar visando a valorização da cultura africana em Angra, que tem 509 anos de fundação e ricas manifestações religiosas e culturais diversificadas. Treze de maio, é um dia em que o Brasil comemora a abolição da escravatura, dia de Nossa Senhora de Fátima e Dia de Preto Velho, mas o movimento negro o considera principalmente como um dia de luta e reflexão da população afro-descendente, conforme explicou Délcio Bernardo, do Grupo de Consciência Negra Ylá Dudu.
A festa começou na Praça Zumbi dos Palmares (Centro da cidade) às 10h do dia 13 de maio, com abertura da exposição de imagens representando diversos santos católicos e entidades das religiões espíritas; procissão de São Benedito com os andores do santo, de Nossa Senhora de Fátima e de Nossa Senhora Aparecida; seguida de celebração da primeira missa afro campal do município.
Por volta das 12h, a Cultuar serviu gratuitamente uma deliciosa feijoada para o público presente. Durante à tarde aconteceram diversas apresentações de grupos de capoeira da cidade, como o Congo, Abadá e a Associação Afro-Brasileira de Capoeira.
Outros importantes eventos marcantes da tarde e da noite foram a inauguração do busto de Zumbi dos Palmares, posse do Posse do Comitê Gestor de Políticas para Promoção da Igualdade Racial, com a participação de representantes de diversas secretarias municipais; e a palestra com representantes dos Quilombos do Bracuí e do Campinho, e a professora e doutora Magali da Silva Almeida.
No início da noite o público se emocionou com a apresentação excepcional do Coral da Cidade de Angra dos Reis, regido com muita beleza pelo maestro Moacyr Saraiva. Os integrantes do coral , todos vestidos com batas africanas, apresentaram um repertório de músicas africanas e afro-brasileira como singabahambaia (África do Sul), Bwana Ni Nani (Kênia), Missa Luba (Congo), Promessas de sol (Milton Nascimento), Vento Bravo (Edu Lobo e Paulo César Pinheiro) e Pata Pata ( Miriam Makeba). “Nosso maestro foi muito feliz ao escolher as músicas”, diz a soprano Glória Ribeiro.
Uma bonita dança de candomblé com .representações de diversos grupos do município (a primeira realizada em praça pública, a convite da Prefeitura de Angra) e a dança do jongo, dos jovens do Quilombo do Bracuí, foram outros brilhantes eventos da noite.
A festa só terminou de madrugada com Adilson da Vila e a Velha Guarda Musical de Vila Isabel, fazendo uma magnífica roda de samba levantando o público , que sambou e cantou saudando Zumbi dos Palmares.
_ A Cultuar, junto com o movimento negro, por entender a grandiosidade deste dia e incrementar a discussão sobre a importância da cultura africana para a cidade, o Brasil e para o mundo, resolveu realizar esta bela festa com representações diversas. Uma festa onde temos representatividade das religiões católicas e afro-brasileiras, dança do jongo, procissão de São Benedito, candomblé, capoeira, samba, feijoada , exposições de imagens diversas – uma festa para celebrar nossos ancestrais- afirma o presidente da Cultuar, Paulo Mattos.
Jaqueline Máximo, do Grupo de Consciência Negra Yla Dudu acredita que é importante mostrar a história dos africanos sob uma ótica diferente da mostrada pelos livros escolares, por isso valoriza o momento em que uma fundação de cultura traz a discussão da diversidade cultural presente no município para a praça, uma praça que homenageia um herói negro”, diz ela.
Prefeito participou dos eventos
O prefeito Tuca Jordão, devoto de Nossa Senhora Aparecida, durante a manhã participou da celebração religiosa, visitou a exposição na Casa Larangeira, um espaço cultural da cidade que fica ao lado da praça, tocou pandeiro com os capoeiristas e circulou na praça na hora da feijoada distribuída gratuitamente pela Cultuar . Durante a tarde, o secretário de Governo, Carlos Alexandre Soares o representou durante a inauguração do busto em homenagem a Zumbi dos Palmares.
A Praça, no passado, se chamava Duque de Caxias, mas através da luta do movimento negro da cidade, passou a se denominar Zumbi dos Palmares, através da lei municipal 477, de 1995.
Professores e alunos das redes municipal, estadual e particular e da Universidade Federal Fluminense (que mantém cursos em Angra), circulavam na praça solicitando explicações sobre o evento e assistindo as apresentações.
Telmo, Cristina, Luísa e diversos outros alunos de um importante curso pioneiro de pós-graduação sobre Diversidade Cultural e Interculturalidade nas matrizes indígena e africana, da UFF, em Angra, também prestigiaram o evento, durante todo o dia, registrando e participando das atividades.