A semana foi boa para o setor empresarial de Angra dos Reis. Além da Costa Verde Negócios, na Praia do Anil, e da Rodada de Negócios, evento que reuniu pequenos e grandes empresários no Iate Clube Aquidabã, Angra começou a dar passos para se preparar, de forma estruturada, e se transformar em um importante polo e até mesmo no maior polo náutico do país. Nessa quinta-feira, dia 7, o prefeito em exercício Essiomar Gomes recebeu, no Centro de Estudos Ambientais (CEA), representantes do Sebrae, da Firjan e do Sindicato das Empresas de Marinas (Semar) para discutir as diretrizes do projeto Rio Náutico. Essiomar estava acompanhado de representantes das Secretarias de Atividades Econômicas e de Meio Ambiente do município, além da TurisAngra.
O Projeto Rio Náutico tem como objetivo fortalecer a indústria náutica do estado do Rio de Janeiro, com foco em Angra dos Reis. Diferente da indústria naval, responsável pela construção de navios, a indústria náutica se encarrega da fabricação de embarcações de esporte e lazer, como lanchas, iates, veleiros e pequenas embarcações.
– Angra já se insinua como um polo náutico, ainda que de forma não estruturada. Aqui temos todas as vantagens competitivas, como balneabilidade, condições geográficas, instalações náuticas e o maior registro de embarcações do Brasil – explicou o gerente de Indústria do Sebrae, Renato Regazzi. Para ele e para os outros representantes do fórum, se o setor for bem estruturado, Angra tem tudo para se tornar o maior polo náutico do Brasil e referência no exterior.
– Angra pode se tornar a principal referência em turismo e serviços náuticos para o turista estrangeiro que quer vir para o Brasil explorar esse segmento – disse o representante do Sebrae.
O projeto é uma iniciativa do Fórum Náutico Fluminense, que surgiu através do Rio Boat Show deste ano. O fórum é formado por diversos representantes de entidades ligadas à náutica, como a Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar), Semar, Revista Náutica, Além do Sebrae e do governo do estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços.
Ao final da reunião, ficou definido que Angra vai criar um fórum náutico local, nos mesmos moldes do Fórum Náutico Fluminense. Esse fórum local ficará encarregado de dar andamento a agenda estratégica de ações necessárias para o desenvolvimento do setor no município. A princípio, a ideia é que ele seja composto por representantes de sete entidades. A Prefeitura de Angra já está incluída, assim como o Sebrae, Firjan e Semar. O número de participantes, no entanto, ainda pode ser alterado, e a prefeitura ainda não definiu seu representante. A próxima reunião será marcada na primeira quinzena de agosto.
O PROJETO NA PRÁTICA
O Rio Náutico identifica o cenário do setor, com seus pontos fortes e fracos e, a partir daí, traça metas e prioridades. O projeto é amplo, abrangendo toda a cadeia produtiva, o que significa que ele se aplica a produtos e serviços oferecidos antes, durante e depois da embarcação na água. A cadeia produtiva se divide em:
- Inbound: representando a indústria de construção, comercialização, reparo e assistência técnica de embarcações.
- infraestrutura: marinas, instalações náuticas e os contornos regulatórios que as envolvem.
- Outbound: operadores aquaviários, operadores de turismo náutico, hotéis e pousadas e setores do comércio que tenham relação indireta com a náutica.
O projeto prevê ações em instalações físicas, como construção de rampas de acesso e criação de novas marinas; revisão da legislação que regula o setor (para isso, o fórum conta com assessoramento jurídico); capacitação de mão de obra (mecânicos, marinheiro, guias); estímulo e promoção de eventos náuticos; certificação de produtos, locais e serviços relacionados à náutica, para estimular a profissionalização e a melhoria da qualidade; medidas preventivas relacionadas à segurança e ao meio ambiente; dentre outras. Cada ação, de acordo com sua natureza, fica a cargo de alguma das entidades envolvidas no projeto.
– Angra tem muito a oferecer pelas belezas naturais e pela estrutura que já existe. Com a ajuda desses parceiros vamos conseguir criar incentivos e somar forças para o mercado deslanchar – afirmou Essiomar.
O secretário de Atividades Econômicas, Jorge Irineu da Costa, afirmou que será preciso estudos elaborados do poder público, para que o crescimento do setor aconteça de forma organizada, com atenção especial para a segurança e para o tráfego dos veículos.
– Se vamos avançar para o mar, precisamos ordená-lo – disse o secretário.
MERCADO
De acordo com os representantes do Sebrae, no turismo brasileiro, o filão que mais tem potencial é o náutico, pela grande extensão costeira e de rios navegáveis que o país possui. Apesar disso, esse filão ainda não é devidamente divulgado e explorado. Além disso, com o avanço do poder aquisitivo das classes B e C, mais pessoas estão tendo acesso às embarcações e ao “mundo da náutica”.
No entanto, o maior indicativo do potencial do setor é outro, e o gerente de Indústria do Sebrae chama atenção para ele. O Produto Interno Bruto do Brasil vem crescendo é já é o sétimo maior do mundo. Apesar disso, o número de barcos de esporte e lazer no país é muito pequeno, na razão de um para cada 3.600 pessoas. Nos EUA, essa proporção é de um para cada 18 pessoas, enquanto na França e na Itália, um para cada 68.
– O resultado disso é que todo o mundo vai querer vender barco para o Brasil e operar por aqui – afirmou Regazzi.
O projeto visa confirmar a vocação náutica do estado e de Angra dos Reis, já que 27% da infraestrutura náutica nacional já está alocada no estado do Rio. Além disso, o setor tem um grande potencial gerador de empregos, com uma média de 7,4 empregos diretos e indiretos por cada embarcação produzida.
– Vamos avançar com o projeto e temos que criar condições para que essas pessoas [turistas e empresários do setor] venham para Angra, pois trata-se de uma cadeia de empregos extraordinária – afirmou Essiomar.