Música erudita de volta às igrejas de Angra

Coral da Cidade fez belíssima apresentação na igreja do Carmo

Terça-Feira, 16/03/2010 | .

O Coral da Cidade de Angra dos Reis, sob a regência do maestro Moacyr Saraiva, abriu com brilhantismo o projeto Música nas Igrejas na noite do dia 14, após a missa das 20h, na igreja do Carmo, para um grande público, que vibrou com toda a apresentação, entremeada de explicações do regente.

. O Música nas igrejas, além de fazer bem à alma de todos que amam a música erudita de cunho sacro, também ilumina e divulga a história dos igrejas seculares da cidade, muitas delas construídas na época em que a maioria das composições apresentadas pelo coral foram escritas.

Para o presidente da Fundação de Cultura, Roberto Peixoto, a apresentação do Coral da Cidade no projeto é mais uma das iniciativas positivas da prefeitura, através da Cultuar, visando fomentar o encontro da música erudita e do canto coral com a ambientalização oportuna das igrejas, sensibilizando os moradores e os turistas a desfrutarem da integração entre o valor histórico material das igrejas com o nosso inestimável patrimônio imaterial, que é a música.

Através do projeto, a Cultuar presenteia a população, até dezembro, com mais 14 belíssimas apresentações do Coral da Cidade em diversas igrejas do município.

No repertório da noite de abertura, o coral apresentou as seguintes composições:“Non Nobis Domine”, “Deo Gracias”, “Popule Meus”, “Lord for Thy Tender Mercy Sake” , “Glória a Deus nas Alturas”, “Weep o Mine Eyesm Jesus tem um Jardim”, “Jesus Bleibet Meine Freude”, “Ave Verum Corpus”, “Glorioso és tu, Credo”, e “Salmo 150”, muito aplaudidas. O evento foi prestigiado pelo pároco frei Alonso e pela presidente do coral, Carolina Daher.

A próxima edição do projeto será no dia 28 de abril, na igreja de São José Operário (Jacuecanga), durante a novena de São José, às 21h. O público e os fiéis de Jacuecanga estão aguardando ansiosos pela apresentação, que vale a pena ser prestigiada .

Vale a pena prestigiar a abertura do projeto e as demais apresentações, porque o coral, com seus 30 componentes, jovens e idosos, fazem da música uma das mais belas manifestações artísticas da região.

O coral, que já soma mais de 2 mil apresentações e montagem de três óperas, apresentará, durante toda a realização do projeto, um repertório sacro e secular variado com músicas consagradas de várias épocas , desde composições renascentistas (século XVI), barroca ( século XVII) romântica (século IX) e as mais modernas, compostas para diversos eventos religiosos de Angra pelo saudoso maestro Gerard Galloway, fundador do coral, morto tragicamente em 1999.

O projeto “Música nas Igrejas” estará presente nos bairros do Centro, Jacuecanga, Bonfim, Monsuaba, Ilha Grande, Retiro, Ilha da Gipoia, Mambucaba, Balnéario e Serra D‘Água, até o final do ano, durante a novena da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição.


Um pouco da história do Coral da Cidade de Angra


Fundado em 1969 no antigo Colégio Estadual Ceniar (hoje Ceav), o Coral da Cidade passou por diversas fases de altos e baixos em sua trajetória, mas continua firme cumprindo o propósito para o qual foi fundado, que foi tornar a música de coral acessível a todas as camadas e formar jovens músicos, sempre primando pela excelência na qualidade. O coral antigamente era conhecido como Coral do Ceav,porque era composto apenas por alunos, passou a ser um coral municipal a partir de 1988 e a partir daí foi aberto à participação da comunidade. Hoje, seus cantores recebem uma ajuda de custo da prefeitura, através da Cultuar, de meio salário mínimo para despesas de locomoção, já que muitos deles residem em bairros longe do Centro, como Jacuecanga, Frade, Monsuaba, Japuíba etc.

Os ensaios acontecem no Centro, na Casa de Cultura Poeta Brasil dos Reis, às segundas, terças e quartas-feiras, a partir das 19h30. Inclusive o coral está com inscrições abertas para novos integrantes, principalmente para vozes masculinas, a partir de 14 anos.

O Coral da Cidade é um bem cultural valioso porque foi o inspirador de toda uma geração sedenta de se expressar culturalmente na década de 70 e 80, porque Angra era considerada “área de segurança nacional” e todas as manifestações artísticas eram acompanhadas e cerceadas pelos militares.

Foi depois da fundação do coral, pelo Maestro Gerard Galloway, que começaram a se firmar grupos musicais e artísticos da cidade. Muitos ex-integrantes do coral fizeram carreira fora do município e hoje se encontram em Curitiba e em outros centros do Brasil. Diversos integrantes também formaram grupos de teatro na cidade e bandas musicais.

O atual maestro do coral, Moacir Saraiva, sempre foi um aluno atento e muito observador de Gerard Galloway e sempre sedento por novas informações musicais. Entrou no coral aos 12 anos e nunca mais saiu. Passou a regê-lo após a morte de Galloway. Saraiva, além de reger com maestria o coral, está fazendo, a pedido da Cultuar, uma pesquisa para levantar toda a herança musical e textual que Galloway deixou no município.

O Coral da Cidade, no momento, está fazendo uma releitura de uma das óperas composta por Galloway, apresentada com muito sucesso pelo grupo no final da década de setenta, “Dido and Aeneas” de Henry Purcel.

Por isso e muito mais ainda, vale a pena prestigiar o Coral da Cidade de Angra dos Reis, durante todo o projeto “Música nas Igrejas”. Isso vale para quem já conhece o belíssimo trabalho do grupo e para quem ainda não teve esta grande oportunidade. O grupo tem como tecladista Cristiane Azevedo e preparação vocal de Adren Alves.




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