As facilidades fiscais oferecidas pelo Estado do Rio de Janeiro e pela Prefeitura de Angra dos Reis foram fundamentais para que a empresa náutica Spirit Ferretti optasse por se instalar no município. A decisão aconteceu por causa das condições oferecidas pelos mercados financeiros. A redução da alíquota do ICMS de 25% para 7%, pelo estado, para as empresas que se instalarem na região com o propósito de construir embarcações de recreio, e ainda, os benefícios oferecidos por Angra, isenção do ISS e do IPTU, foram mais que convincentes para que o empresário, presidente da empresa no Brasil, Márcio Christiansen, descartasse Santa Catarina, onde pretendia se instalar. A Ferretti já está ancorada em São Paulo há 18 anos, e com o novo estaleiro em Angra, ela será gradativamente desativada. A empresa ainda está escolhendo a área: Marina Verolme ou a Rodovia Mário Covas, num terreno em frente à Caputera.
-Há alguns anos, eu nem cogitaria esta hipótese, mas fiquei mais animado com o que vi aqui. Angra tem um polo náutico, industrial e de lazer, e para nós do grupo isto é fundamental também-falou Márcio Christiansen.
O empresário esteve visitando as áreas onde pretende fundar o estaleiro, em companhia do secretário de Atividades Econômicas Alexandre Tabet, na segunda-feira, 19. A Ferretti já oferece serviços no município através de suas lojas de assistência técnica, oficina e vendas, na Marina Verolme, em Jacuecanga. A Ferreti possui oito empresas dentro da área, sendo que, do grupo, a Ferretti destaca-se mundialmente pelo design, construção de iates de luxo e barcos desportivos.
Depois dos trâmites legais, que incluem a liberação ambiental por parte dos órgãos competentes, o empresário prevê que a fábrica esteja em pleno funcionamento em até seis meses. Uma firma de construção civil, com tecnologia de ponta e especializada, já foi contactada para que a obra seja concluída em até 90 dias. Depois de instalada, a Ferretti/Angra gerará no primeiro momento cerca de 200 postos de trabalho. Em dois anos, com a desativação da fábrica em São Paulo, que abrigará um show room e oferecerá assistência técnica, serão cerca de 600 empregos.
-Vamos trazer de São Paulo pessoas especializadas para formar mão-de-obra local. Começaremos aqui primeiramente com o setor de montagem e acabamento, e depois, gradativamente, instalaremos os demais setores. Construiremos em Angra os oito novos modelos de embarcações, que vão de 47 pés a 120 pés. São lançamentos da Europa, construídos agora no Brasil -avisou Márcio.
A empresa é líder do mercado brasileiro de barcos personalizados de luxo. Ela conta hoje com 4.500 trabalhadores espalhados por 22 unidades de produção – 19 na Itália, duas na Espanha e uma nos Estados Unidos. Os lucros, de acordo com Christiansen, alcançam 1 bilhão e 200 milhões de euros.
O secretário Alexandre Tabet e o vice-prefeito Essiomar Gomes deixaram claro a satisfação de em apenas 19 dias de governo, fechar uma parceria que tem como principal contrapartida a geração de renda e trabalho. Além disso, poderão ser fechados investimentos na área social e doações de embarcações de apoio para o município.
-Este é objetivo do governo do prefeito Tuca Jordão: oferecer trabalho para a nossa população. Mesmo se tiver um posto de trabalho, para nós não importa, o que queremos é buscar ainda mais o desenvolvimento de nossa cidade-falou o secretário Alexandr,e que fez uma coletiva para anunciar a novidade.
O vice-prefeito Essiomar Gomes lembrou que os benefícios serão oferecidos à empresa de acordo com as contrapartidas. No caso da Ferretti, ainda não foram seladas as trocas, mas, de antemão, Essiomar anunciou que a Prefeitura cuidará para que esta parceria seja cumprida.
As marcas da Ferretti
O grupo tem cinco áreas de atuação, cada uma das quais com marcas mais focadas em tipos específicos de clientes. No segmento Prestige, destaca-se a marca da casa-mãe (Ferretti Yachts), a Riva e a Custom Line, dedicadas a linhas mais clássicas e com interiores espaçosos de alta qualidade. A Custom Line foi a empresa afiliada da Ferretti que iniciou a expansão do grupo, em 1998. A Riva, uma empresa muito prestigiada, juntava-se ao grupo em 2000. No segmento Performance, a tônica está na inovação tecnológica e no desempenho, objetivos alcançados com a Itama e a Pershing.
Respeitando gostos mais clássicos, mas com nuances mais modernas, a Ferretti apostou na linha New Classic. As duas marcas, que adquiriu em 2001 para responder à procura neste segmento, foram a Apreamare e a Mochi Craft, duas empresas tipicamente italianas, que têm no seu portfólio os barcos gozzo sorentino e lobster.
A Bertram foi comprada logo no início da expansão do grupo, para responder à procura de barcos para pesca desportiva. Os barcos desta companhia de origem americana são apropriadas para a pesca em mar profundo, com características muito focadas na modalidade, como cockpits de grandes dimensões.
Por último, a Ferretti comprometeu-se a entrar no segmento de megaiates, com dimensões que podem ir além dos 40 metros de comprimento. O produto é feito sob medida, personalizado, correspondendo por isso a peças únicas ou séries limitadas. Para o efeito, a empresa decidiu comprar a marca CRN, de Ancona. (Informações da Náutica Press)