Amir Hadad e Paulo Betti no Teatro de Rua em Angra

No sábado, Amir Hadad e o Grupo Tá na Rua homenagearam Boal encenenando espetáculo na Praça do Porto

Domingo, 10/05/2009 | .

 O 14º Encontro Nacional de Teatro de Rua em Angra dos Reis continua neste domingo, último dia do evento, apresentando três excelentes grupos: o Cine Horto (MG), Circo Nosostros (SP) e Grupo de Teatro Andante (MG), a partir das 16h, nas praças do Centro da cidade.

Vale ressaltar que dois ilustres convidados estão prestigiando o evento, o ator Paulo Betti e o renomado diretor do grupo Tá na Rua (RJ), Amir Hadad, que fez, na tarde de sábado, uma aula-espetáculo e uma emocionada homenagem ao saudoso, criador do Teatro do Oprimido,Augusto Boal, encenando cenas de tortura sofrida pelo dramaturgo, durante a ditadura militar.

Para Amir e todos que conheceram sua trajetória, Boal foi e continuará sendo um dos brasileiros mais importantes que lutou pelo fortalecimento do teatro no Brasil, como uma arte livre, de domínio de todos, que não precisou e nunca precisará de arquitetura para ser criada”, conforme explicou Amir , ao apresentar, com o |Grupo Tá na Rua trechos da peça “ Dar não dói, o que dói é resisitir”, na Praça do Porto, lotada de atores e da população.

Quatro grupos movimentaram a noite de sábado: Pombas Urbanas (SP), Arte e Comédia (PR), Experiência Subterrânea (SC) e Coletivo Pulso (MG)

No sábado, durante o final da tarde até às 22h, as praças e ruas foram tomadas pela multidão que acompanhou, com vontade, quatro grupos, participando e aplaudindo situações de humor, tragédia e reflexões.

Às 18 horas, na Praça da Matriz, o grupo Pombas Urbanas (SP) e suas “Histórias para serem contadas”, revelou situações absurdas, de humor e violência, em torno da luta pela sobrevivência numa metrópole como São Paulo. O espetáculo mostrou como homens e mulheres de nosso tempo, muitas vezes se deparam com o desamparo, à falta de opções e a perda do direito de ser sujeito de seu próprio destino. “Histórias para Serem Contadas”, simboliza a retomada da produção do grupo após 3 anos dedicando-se a estruturação de um Centro Cultural , em Tiradentes, zona leste de São Paulo.

Em seguida, o Arte e Comédia de Curitiba (PR), apresentou, na Praça do Porto, com bastante irreverência e domínio de palco, “Aconteceu no Brasil, Enquanto o Ônibus Não Vem”, fazendo a platéia se divertir e refletir sobre diversas situações vividas por personagens típicos da formação da cultura brasileira. A peça contou a história de Dona Josefina e as duas filhas, Amarinda ( ambiciosa) e Miranda (apaixonada), moradoras do interior do país, e as peripécias que acontecem quando chegam à casa delas, o Coronel Vicente Capador e seu servo, Saci; e Biro Biro, malandro do Rio de Janeiro, junto com Rosendo, homem simples do Nordeste. Eles viajavam em direção ao Porto de Santos, onde o Capador pretendia vender o ultimo índio da Amazônia.

Às 20h, saindo da Casa de Cultura Poeta Brasil dos Reis, o grupo Experiência Subterrânea ( SC), iniciou o espetáculo “Circo Negro”, passando pela Rua do Comércio, Beco da Arte e arrastando uma multidão eufórica e participativa, até a Praça Nilo Peçanha. Com texto de Daniel Veronese, o grupo encenou, com sabedoria, uma montagem teatral feita para invadir a cidade e explorar todos os espaços. O grupo acertou em cheio, interagiu com o público, que gostou muito dos movimentos e ficou querendo mais. Pena que acabou.

A noite foi encerrada com mais uma excelente apresentação de teatro de rua, na Praça Zumbi dos Palmares com o Coletivo Pulso (MG) e o espetáculo “Hai-Kai- somente as nuvens nadam no fundo do rio, uma encenação esteticamente perfeita e significativa, sem palavras, que relaxou o público que tinha acabado de assistir ao elétrico Circo Negro, cumprindo a proposta do grupo que é procurar uma pausa para contemplação, no mundo agitado que vivemos. Hai-Hai, é um espetáculo multimídia, inspirado na poesia japonesa e traduzido para o teatro através da criação de imagens,dança, artes plásticas, literatura, música e vídeo-projeções, que busca revelar estados de espírito.



 

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