Na quarta-feira, 13, foi aberta, na Casa de Cultura Poeta Brasil dos Reis, a exposição de fotografias, figurinos , símbolos e de pintura da Festa do Divino Espírito Santo de Angra dos Reis, um dos festejos mais tradicionais da cidade.
Através da exposição, que conta com os figurinos do Menino Imperador, seus guardas, componentes das danças dos Coquinhos, Marujos, Jardineiras, Velhos e Lanceiros e de pinturas dos Salões da Festa do Divino de anos anteriores, todos podem passar a conhecer um pouquinho mais do simbolismo da grandiosa festa, que vem sendo realizada na cidade desde o século XVII e teve seu apogeu nos séculos XVIII e XIX. A exposição fica aberta de terça a domingo, das 10 às 22h.
Todas as peças expostas na Casa da Cultura têm significados próprios
Menino Imperador
O Menino Imperador tem como função homenagear o Divino Espírito Santo. Existem duas explicações para sua presença na festa. A primeira diz que a rainha de Portugal, D. Isabel, num gesto de humildade, escolheu o homem mais pobre que assistia a uma missa do Divino e o coroou rei, colocando-lhe seu próprio manto e concedendo-lhe diversos privilégios. Este gesto foi muito apreciado pela nobreza e imitado nas localidades de Portugal, incorporando-se, definitivamente, às festividades. A outra conta que o Rei de Portugal teria prometido visitar uma de suas colônias na África durante os festejos do Divino. Desmarcada a visita repentinamente, a nobreza local, se sentido desprestigiada, escolheu um menino da localidade e vestiu-o como rei. Chegando a cidade de barco, o falso monarca recebeu diversas homenagens da população.
Pomba
A Pomba simboliza o próprio Espírito Santo, que segundo a tradição desceu em forma de pomba em Jesus Cristo, quando foi batizado por João Batista. A pomba, mansa e humilde, é o símbolo da paz e do amor.
Coroa e cetro
Usados pelo Menino Imperador, essas insígnias, que são os símbolos do poder, transformam um menino da comunidade na figura central da parte profana da festa, com "privilégios" de um rei.
Bandeira da festa
Confeccionada em seda vermelha, mantém a mesma tradição de séculos passados. Possui, estampada no centro, a imagem do Divino envolta em raios dourados. O mastro é encimado por uma pomba de prata. A bandeira é carregada pelo festeiro ou pelo pai do Menino Imperador.
Império do Divino
É representado pelo tablado de danças e pelo coreto, artisticamente decorado, do qual o Menino Imperador e seu séquito assistem as danças em sua homenagem.
Danças Folclóricas
A Festa do Divino Espírito Santo de Angra dos Reis é uma das mais antigas do país e possui uma parte folclórica muito rica e característica da terra. Originalmente, possuía oito danças tradicionais. Destas, somente cinco foram recuperadas na década de 80.
Dança dos Coquinhos
Os Coquinhos representam os filhos de escravos que dançavam homenageando o Menino Imperador. Usam máscara e capuz para não serem reconhecidos. Na sua roupa encontram-se presos diversos guizos que, com seu ruído característico, anunciam sua presença nas ruas, na igreja, no império e na casa do Imperador.
Dança das Jardineiras
A Festa do Divino foi trazida a Angra dos Reis por imigrantes portugueses vindos das Ilhas dos Açores. As Jardineiras representam as vendedoras de flores, comuns naquela região. A dança é executada por um grupo de moças, metade vestida de jardineiras e metade vestida de jardineiros, trazendo nas mãos um arco florido.
Dança dos Lanceiros
Os Lanceiros representam o corpo de guarda do Menino Imperador.A Dança dos Lanceiros estava esquecida há muitos anos, quando, em 1976, foi revivida de forma incompleta e depois novamente esquecida. No ano de 1986 foi recuperada a Valsa dos Lanceiros.
Dança dos Velhos
Os Velhos representam os antigos escravos da terra que homenageiam o Menino Imperador com seus movimentos simples e alegres (semelhantes às quadrilhas juninas) Vestem-se com roupas confeccionadas em tecido barato, enfeitadas com renda e usam máscaras de papelão preto para não serem reconhecidos. Os Velhos dançam com castanholas e batendo os pés.
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Dança dos Marujos
Os Marujos representam os marinheiros da esquadra portuguesa que, segundo a lenda, tripulavam a barca que trazia o Menino Imperador.Vestidos com suas fardas, os Marujos dançam ao som de marchas e dobrados, evoluindo e formando diversos desenhos. No interior da barquinha, que é carregada enquanto os marujos cantam a "Barcarola", está o menino caracterizado de comandante. A barquinha, no final da dança, é bombardeada por um canhão ( fogos de artifício). Atualmente, nas festas de Angra, a explicação para a presença da barca nos festejos é de que ela representa o bem que sempre vence, e o canhão, o mal. Mas dizem que antigamente também existia outra versão que está ligada à lenda de Zamzibã, segundo a qual os Marujos, após terem descoberto a farsa do Menino Imperador, resolveram destruir a barca que o trouxera.