Com o objetivo de aproximar a relação e que num curto espaço de tempo os cruzeiros marítimos sejam uma presença constante na Baía da Ilha Grande, a prefeitura , por meio da TurisAngra, deu início à série de encontros que promoverá com os armadores que operam os transatlânticos, visando estreitar parcerias e melhorar a comunicação com o setor.
Na última sexta-feira, 16, o presidente da TurisAngra, Marcus Venissius Barbosa, recebeu para uma conversa Antônio Duarte, gerente de operações portuárias da MSC Cruzeiros, um dos principais armadores do mundo e que possui uma das frotas de cruzeiros mais modernas, hoje com 10 navios em operação. A reunião também contou com a participação do subprefeito do Abraão, Paulo Bicalho, já que nesta temporada, a MSC e outras armadoras têm uma programação prevista de 113 paradas de seus cruzeiros no Abraão, na Ilha Grande.
A informalidade deu o tom ao encontro, numa conversa que perpassou por boas-vindas aos cruzeiros, adesão de parcerias contínuas, melhoria na comunicação sobre as agendas de chegadas dos navios e o esclarecimento do mal-entendido sobre a possível cobrança da taxa de desembarque.
O presidente da TurisAngra deixou claro para o diretor da MSC Cruzeiros que Angra dos Reis gostaria muito de estreitar uma parceria com as empresas armadoras e que, desta relação, o município fosse informado com antecedência e periodicamente sobre as paradas dos navios na Baía da Ilha Grande. Marcus Veníssius ainda argumentou sobre a possibilidade dessas paradas também terem como destino o continente, ou seja, o Centro da cidade.
“Gostaríamos que houvesse um critério, um equilíbrio. Os turistas que também desembarcarem no continente terão ótima impressão do que verão por aqui. Faremos um receptivo turístico à altura tanto em futuras paradas no Centro da cidade como também no Abraão e outras localidades em que porventura os turistas desembarcarem. Eles vão conhecer de perto atrativos de uma história de 507 anos cercada de muita cultura, folclore, lendas, patrimônios arquitetônicos e religiosos. Mas para isso precisamos saber com antecedência, nos planejar e nos preparar para receber bem os nossos visitantes, ofertando bons produtos e serviços”, ressaltou o presidente da TurisAngra.
O questionamento de Marcus Veníssius também passou pela preocupação com a infraestrutura do Abraão, já que a vila precisa minimamente se adequar e se preparar para a realidade da chegada dos navios, que normalmente têm capacidade para 2000 passageiros. E, para isso, o município necessita saber com antecedência a agenda das chegadas dos cruzeiros, prioritariamente, pelo simples fato de que o Abraão fica em Angra dos Reis, assim como a Ilha Grande.
O representante da MSC, Antônio Duarte, se mostrou bastante interessado na estreita relação com Angra, entendeu os argumentos do presidente da TurisAngra e disse que levará para a Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítima (Abramar) que congrega as armadoras de cruzeiros, os contrapontos apresentados pela prefeitura. “Essa aproximação será de grande valia para ambos os lados. Saio daqui hoje com ótima impressão da conversa que tivemos e digo que a iniciativa de nos reunirmos foi excelente, pois o nosso desejo é de estreitar parcerias com as cidades em que os nossos navios fazem parada, porém, infelizmente, para esta temporada não teremos como reprogramar e trazer os turistas para o continente, mas com certeza na próxima”.
Mal-entendido sobre taxa de desembarque é esclarecido
No outro ponto da pauta da conversa, falou-se sobre a cobrança da taxa de desembarque. “Na verdade chegou truncado na Abramar e nos ouvidos dos armadores que Angra já iria cobrar a taxa de desembarque nesta temporada, o que não foi bem-visto. O fato é que a agenda de paradas dos navios é sempre feita com pelo menos um ano de antecedência e isso implicaria em custo para as operadoras que não tinham essa previsão”, salientou o diretor da MSC Cruzeiros. Ele ainda acrescentou “que é natural que cidades queiram cobrar a taxa de desembarque, como Búzios e Ilha Bela entre outras, mas isso precisa ser acertado antes”, completou.
O presidente da TurisAngra disse que a informação da cobrança imediata da taxa nada mais foi do que um ruído na comunicação, mas ressaltou que Angra pretende adotar essa medida. “Com as novas diretrizes de gestão do turismo adotadas por várias cidades no mundo, a taxa de desembarque do turista é um direito do município, desde que ela venha amparada pelo princípio da anterioridade (nenhum tributo será cobrado sem que a lei que o instituiu ou aumentou tenha sido publicada no exercício financeiro anterior), através de uma lei que vai referendar essa cobrança. Com a reativação do Conselho Municipal de Turismo, a criação das Câmaras Setoriais e da implantação do Fundo de Turismo, esperamos chegar a um denominador comum que seja bom para os dois lados. Afinal de contas, a nova gestão do turismo prevê investimentos advindos deste fundo, e da parceria com a iniciativa privada”, disse Marcus Veníssius.
Ele ainda acrescentou que essa “cobrança só vai acontecer após a discussão em fóruns adequados e que Angra não vai criar nenhum empecilho ou problema. Devemos debater bastante esse tema e, quem sabe, criarmos em conjunto com os municípios de Búzios e Ilha Bela, que já cobram a taxa de desembarque, para que ela ou até outro tributo seja unificada”, concluiu