Em Angra dos Reis, “o mar está verdadeiramente para sardinha”. Nos últimos anos, a Prefeitura, pescadores e armadores são unânimes em afirmar que se a pesca de sardinha está em declínio no Brasil, no município, devido ao respeito ao defeso, está acontecendo o contrário, nunca houve tanta sardinha na região e os pescadores podem servir de exemplo para os demais do Brasil.
Cerca de 1.500 pescadores de Angra estão comemorando e já não tem mais para onde vender toda a produção que neste ano já bateu recorde: cerca de 21 mil toneladas, contradizendo e surpreendendo setores do Governo Federal que afirmam que este tipo de pesca estaria em declínio porque está no limite da exploração.
O município neste ano já produziu mais do que a média anual esperada em todo o Brasil que seria em torno de 18 a 20 mil toneladas. O segredo é um só: a categoria está respeitando 100% os períodos de defesos quando a pesca fica proibida para que a espécie possa crescer e se reproduzir.
Desde 2003, a proibição da pesca da sardinha ocorre duas vezes por ano ( julho a agosto e novembro a fevereiro) As pausas são determinadas nas fases de maior desova e até que o peixe atinja a fase adulta, com aproximadamente 17 centímetros. Só então a sardinha está pronta para se reproduzir e garantir a sobrevivência da espécie.
- A Prefeitura de Angra vem estimulando os pescadores e conscientizando-os de que devem respeitar o defeso para que a natureza possa dar-lhes em dobro. Para nossa alegria, estamos conseguindo atingir o objetivo. Os pescadores estão de parabéns, estão respeitando a lei, por isso a produção vem subindo neste nível. Só para exemplificar, a média histórica anual da produção de sardinha no município sempre girou em torno de 8 mil toneladas. No ano passado subiu espetacularmente chegando a 12 mil e neste ano está batendo recorde chegando a 100 toneladas/dia. E toda nossa sardinha está acima da média medindo acima de 18 cm. Acreditamos que nossa produção neste ano poderá chegar a 25 mil toneladas até o início do defeso, que é a partir do dia 12 de novembro-, afirmou o Secretário de Pesca Humberto Martins.
A grande produção mudou o cenário dos quatro cais de desembarque de pescado do Centro de Angra ( Cais dos Pescadores, Cooperativa, Odaka e Lapa). Desde agosto o movimento está acima do normal e o pico aconteceu agora em outubro com a circulação diária de mais de 100 barcos: 89 da frota de Angra e os demais do Sul do Brasil e de Cabo Frio, chegando abarrotados de sardinhas. Os caminhões de pescado, mais de 100 diariamente, também começam a circular na cidade a partir das 6 horas e os pescadores não param um minuto sequer.
Mas não é só o setor pesqueiro e os quase 2 mil pescadores da cidade quem comemoram com a grande produção. Indiretamente todos ganham, como milhares de familiares, o comércio, fábricas de conservas, de gelo, estaleiros e etc.....
_ Aprendemos que respeitar o defeso é a melhor maneira de preservarmos nossa fonte de renda para que o mar de Angra possa continuar nos presentear com esta maravilhosa quantidade de sardinhas. Não precisamos diminuir o número de barcos como o governo federal nos vem propondo. Precisamos sim de mais incentivos para nos manter no defeso e de um terminal pesqueiro em Angra para que possamos receber nossa produção e vendê-la com mais qualidade- explica o armador Elias Pereira.
A excelente produção de Angra foi determinante para o adiamento da reunião do Comitê da Sardinha que aconteceria no dia 4, na Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, em Brasília, cuja principal pauta seria a proposta do governo federal de redução da frota de sardinha em todo o Brasil. A reunião foi adiada e irá acontecer também no período do defeso.