Uma bela exposição de pinturas está acontecendo no Centro Cultural da Eletronuclear desde terça-feira, 4. Os quadros, pintados de forma diferente, são o resultado do trabalho das oficinas realizadas com os usuários do Centro de Atividades Integradas em Saúde Mental (Cais). Cerca de 40 quadros estão expostos na sala e poderão ser visitados, diariamente, das 9h às 17h.
A mostra abre as comemorações do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, que é dia 18, e tem como tema “De perto, ninguém é normal”. O evento, realizado pela Fundação de Saúde de Angra dos Reis (Fusar) e pela Associação de Familiares, Amigos e Usuários do Cais (Afauc), conta com 10 expositores, que estavam radiantes com a oportunidade de, pela terceira vez, exporem seus trabalhos.
– Os quadros são trabalhados em oficinas livres, onde os usuários do Cais recebem informações sobre a arte de pintar, misturar tintas e criar nuances. Alguns são criações espontâneas, mas outros são orientados – contou Adel Gonzaga, artista plástico e arte-educador, responsável pela oficina de pintura de quadros e bolsas, outra atividade desenvolvida no Cais.
A coordenadora do Cais, Nazaré Reis, presente ao evento, comentou sobre a importância da realização da mostra, que promove a inclusão social das pessoas portadoras de transtornos mentais graves.
– Tudo o que é diferente afasta as pessoas. E nós, pseudonormais, geralmente não sabemos lidar com as diferenças. Essa exposição é uma realização deles, mostrando que eles são normais, sim – afirmou Nazaré em concordância com a diretora do Programa da Saúde Mental do Município, Luciene Lemos, que contou que a mostra é a plena criação do movimento de acreditar que eles não devem ser excluídos da sociedade.
O presidente da Afauc, a associação que há 15 anos presta assistência aos familiares, usuários e amigos do Cais, João Batista, contou sobre a mudança de atitudes da sociedade diante dos portadores de transtornos mentais. Segundo ele, que há oito anos é usuário do Cais, a melhor forma de lidar com as diferenças é ser diferente.
– Diante das diferenças, há uma grande necessidade da participação dos familiares e amigos em estarem presentes no dia-a-dia do portador. A família também acaba precisando de tratamento. E hoje, muitos de nós já temos casa, filhos e uma vida social. Antes, muitos ficavam em casa, com depressão, e eram rejeitados pelas próprias famílias. Hoje, a grande família cresceu tanto, que muitos já estão voltando para casa – finalizou João Batista, feliz pelo respeito e resgate da sua identidade e cidadania.