Angra encerra seu carnaval

Blocos e shows reuniram milhares de pessoas. O Quarta Sem Lei encerrou a festa. Agora só no ano que vem

Quarta-Feira, 25/02/2009 | .

 

O último dia do Carnaval para Todos, em Angra dos Reis, foi marcado por muita empolgação. As fortes chuvas do fim da tarde atrasaram as festividades, mas não diminuíram a alegria dos foliões na terça-feira de carnaval, 24. Na Praia do Anil e pelas ruas da cidade, com a passagem dos blocos, o público aproveitava os últimos momentos da festa. A Prefeitura de Angra investiu nos blocos do Centro e dos bairros da cidade, como forma de valorizar o carnaval de rua. Ao todo, foram mais de 30 na cidade. Um dos principais investimentos deste Carnaval para Todos foi a passarela do samba, para o desfile dos blocos. A passarela, com capacidade para cinco mil pessoas, foi montada na Avenida Júlio Maria.


CORUJÃO

O primeiro bloco a desfilar foi o do Corujão. A concentração na Praça Duque de Caxias foi tímida, ainda por causa das chuvas, mas nos primeiros acordes de cavaquinho, acompanhados por uma bateria empolgada, a movimentação e a animação foram crescendo. Ao chegar na Passarela do Samba, o bloco já reunia um bom numero de pessoas. O enredo foi sobre Ezídio da Silva, o Mantegão. Saudoso personagem angrense e muito conhecido na cidade, Mantegão foi dono de um bar em frente à Igreja da Matriz e também integrante da Irmadade de São Benedito. O Corujão cantou a saudade de Mantegão através dos versos do samba composto por Zé Abreu. Um boneco de coruja abriu o desfile, seguido por crianças com uniforme do Flamengo, time do coração de Mantegão. O bloco contou com mestre-sala e porta-bandeira, além de muitas passistas.

O Bloco do Corujão é coordenado por Benedito Gomes Ramos Filho e foi fundado em homenagem ao seu pai, Benedito Gomes de Ramos, mais conhecido como Coruja, falecido há dois anos. Benedito Filho, que trabalha em um estaleiro de Angra, fundou o bloco no quintal de sua casa, no Morro do Santo Antônio, juntamente com seu cunhado, Zé Veríssimo, seus irmãos e sobrinhos. O Bloco do Corujão, herdeiro das cores azul e branca da Unidos de Santo Antônio, escola de samba local, foi criado no fim de 2007 e neste ano fez seu segundo desfile.


SUJOS DE LAMA

O Bloco Sujos de Lama desfilou logo em seguida prestando uma homenagem ao mestre-sala Chidonga, um dos pioneiros do carnaval de Angra, figura carimbada em vários blocos. Chidonga também foi jogador e dá aulas em uma escolinha de futebol. O bloco mostrou um pouco da história deste ilustre personagem, torcedor do Fluminense e da Grande Rio. História marcada pelo samba e o futebol. A alegoria de um caranguejo, mascote da escola, abriu o desfile. O samba deste ano, acompanhado pela bateria comandada pelo Mestre Cica, foi composto por Renato JP e Neu.

A História do Bloco Sujos de Lama começa em 2003, quando seus fundadores participam do resgate de uma embarcação na Praia da Ribeira. Ao se verem todos elamaçados, tiveram a idéia de formar um bloco carnavalesco naqueles “trajes”. Dentre eles estava Robson de Oliveira, presidente do bloco. O primeiro desfile foi em 2004 e de lá para cá, os elamaçados foram aos poucos substituídos por foliões com abadás. As cores do Sujos de Lama são abóbora e preta, inspiradas no caranguejo. Além de Robson, fazem parte da coordenação do bloco João Márcio e Marco Aurélio. O Sujos de Lama representa à comunidade do Morro do Carmo.


MOCIDADE DO TATU

Terceiro bloco a desfilar no último dia de carnaval, A Mocidade do Tatu trouxe o enredo “Angra e suas Belezas Naturais”. Belos cenários de Angra dos Reis foram exaltados como a Ilha Grande, Praia do Abraão, do Aventureiro e do Sul, Igreja do Bonfim, Praça da Matriz, e muitos outros. Os foliões do bloco lembraram também a importância da preservação ambiental, mostrando que o carnaval não é feito só de folia, também tem espaço para a conscientização.

O bloco Mocidade Unida do Tatu, como o nome já sugere, é formado por moradores do Morro do Tatu, mas tem sua origem em Piraí. É que seu fundador, Jorge Luis da Costa, morava naquela cidade quando decidiu montar um bloco carnavalesco junto com seu primo, Vanderlei Corrêa. A Mocidade surgiu em 1992 e hoje é coordenada por Lucas Ricardo, filho de Jorge Luis. O mascote é o tatu e as cores do bloco são azul, amarela e branca.


MALHAÇÃO DA FORTALEZA

O Bloco Malhação da Fortaleza levou para as ruas de Angra e a Passarela do Samba o enredo “Vestido de Criança”, lembrando que o carnaval é tempo de brincar. Como o nome do enredo já diz, muitas pessoas desfilaram com roupas infantis, algumas com direito a frauda e chupetão. A irreverencia marcou a passagem do bloco, que abriu seu desfile com um carro abre-alas cheio de luzes, representando uma roda e um carrocel. Além das “crianças grandes”, o bloco também levou muitos pimpolhos de verdade. Chidonga, responsável pelo bloco e que acabara de ser homenageado pelo Sujos de Lama, conduzia o casal de mestre-sala e porta-bandeira mirim. O bloco distribuiu três mil leques com a letra do samba composto por Chiquinho e Paulinho da Jovita, interpretado por Chiquinho da Fortaleza. O samba fala dos nossos bons tempos de criança, tempos que não voltam mais e que guardamos com carinho na lembrança: “Bola de gude, pipa ou pião / Parecia que o mundo era um parque de diversão”. A bateria do Mestre Lecão deu o ritmo do samba e do desfile deste bloco que representa o Morro da Fortaleza e foi criado há 15 anos por Gambá, hoje afastado do carnaval. Os planos de Chidonga para o Malhação não se limitam ao carnaval. Ele disse que pretende usar o espaço da concentração do bloco para a realização de alguns eventos ao longo do ano.


QUARTA SEM LEI

seguindo o que já virou uma tradição do carnaval angrense, o bloco Quarta Sem Lei encerrou a festa com chave de ouro. O bloco, pra lá de animado mesmo sendo o último do carnaval, arrastou um grande público pelas ruas e pela Passarela do Samba, atraindo também turistas e foliões de outros blocos que resolveram dar uma esticada na folia. O Quarta Sem Lei levou muitos balões de gás nas cores amarela e vermelha, as cores de sua bandeira. Beto Magno, presidente do bloco, também é um dos intérpretes do samba que ajudou a puxar do alto do carro de som. O samba, com bela letra e melodia, faz uma exaltação à amizade: “Vim pra dizer / Sou teu amigo, estou contigo / Até o dia amanhecer / E em nome da amizade / Esta tal felicidade / Faz o samba acontecer”.

O belo samba pode ser explicado pela história do bloco, formado há 12 anos por músicos ligados à MPB e à seresta. Dentre eles, Leaci Fernandes, Rui Reis e Beto Magno. O bloco tem como característica enaltecer as belezas de Angra e também a boemia, o samba e o chope, elementos sintetizados no bem bolado simbolo do bloco, que traz o brasão de Angra dos Reis e um caneco. Ao final de sua passagem, o bloco deixou todos com um sabor de quero mais, uma sensação de que quatro dias de folia foi pouco. Mas não tem jeito, agora só no ano que vem.


PRAIA DO ANIL

Como nos outro dias de carnaval, a Praia do Anil teve a maior concentração de foliões. Milhares de pessoas se reuniram no local para curtir os últimos momentos do carnaval ao som das bandas Ponto A e Vitrine Tropical. Com atraso, por causa das chuvas, a Ponto A foi a primeira a subir ao palco. Formada por músicos angrenses, nossa conterrânea mostrou um mix de seu estilo pop com um repertório especialmente selecionado de axé. A banda foi de Banda Eva a Jota Quest imprimindo sua pegada rock e funk às canções. Em seguida, foi a vez da Vitrine Tropical. Com muita percussão, a banda deu continuidade ao axé com o melhor de Chiclete com Banana, Ara Ketu e Cheiro de Amor. Ao fim do show, o público continuou na Praia do Anil madrugada a dentro, curtindo o carnaval nos quiosques do local, com estrutura montada pela prefeitura.

Na Praça Duque de Caxias, a banda Metais in Brasas animou a quarta noite do Baile da Cidade, com marchinhas e sambas que resgataram a magia dos antigos carnavais. A banda, formada por 16 músicos, todos da cidade, animou foliões de alguns blocos que se concentraram no local, e quem mais quisesse ver.

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