Através de uma parceria com o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), a Prefeitura de Angra, por iniciativa da Fundação de Saúde de Angra dos Reis (Fusar), trará nos dias 7, 8 e 9 para o município, a Carreta da Saúde, que faz parte do Programa de Parceria para Diagnóstico e Tratamento da Hanseníase, um projeto de responsabilidade social da Febrafarma, conduzido pelo laboratório Novartis Brasil e apoiado pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
A carreta realizará atendimento na área da Comisflu, na Japuíba, que fica localizaao na beira da rodovia BR-101, nos dias 7, 8 e 9, das 8h30 às 17h, e não se restringirá apenas a possíveis pacientes de hanseníase. Segundo o superintendente de Vigilância em Saúde, Diogo Ruis, a Coordenação de Tuberculose e do Programa de DST/Aids, também farão atendimento com a realização de exames e encaminhamentos para as unidades de saúde.
– Eles não estarão apenas esclarecendo a população, mas realizarão exames, preventivos de análise, para possíveis diagnósticos – explicou Diogo.
Cerca de 11 profissionais da Fusar, entre médicos, enfermeiros e técnicos em laboratório, se revezarão no atendimento, sendo oito por dia, envolvendo, inclusive, agentes comunitários de saúde, que realizarão um trabalho de conscientização da comunidade para as principais características das doenças (hanseníase, tuberculose, DST/Aids).
A Carreta da Saúde tem cerca de 20m de comprimento, é equipada com cinco consultórios e um laboratório para realização dos exames de baciloscopia – exame realizado para diagnóstico da hanseníase –, e dos demais exames, tem seus ambientes climatizados com ar-condicionado, banheiro, palco com potente sistema de som, projetor multimídia com telão e elevador hidráulico, para acesso de cadeirantes e idosos. Possui gerador próprio de energia e atenderá cerca de 120 pessoas por dia.
Além do trabalho realizado no local, o Morhan disponibilizará o seu grupo de teatro, que visitará as escolas municipais da região da Japuíba, apresentando esquetes abordando o tema “Hanseníase” para conscientizar as crianças e divulgar o evento.
Hanseníase, o seu fim foi marcado para 2010
Segundo a OMS, o Brasil é líder mundial em prevalência da hanseníase. Em 1991, foi assinado pelo governo brasileiro um termo de compromisso mundial, se comprometendo a eliminar esta doença até 2010. Entretanto, a cada ano, há mais de 40 mil novos casos, tendo, entre eles, vários indivíduos em situação de deformidade irreversível.
A hanseníase, conhecida oficialmente por este nome desde 1976, é uma das doenças mais antigas na história da medicina. É causada pelo bacilo de Hansen, o Mycobacterium leprae: um parasita que ataca a pele e nervos periféricos, mas pode afetar outros órgãos como o fígado, os testículos e os olhos. Não é, portanto, hereditária.
Com período de incubação que varia entre três e cinco anos, sua primeira manifestação consiste no aparecimento de manchas dormentes, de cor avermelhada ou esbranquiçada, em qualquer região do corpo. Placas, caroços, inchaço, fraqueza muscular e dor nas articulações podem ser outros sintomas.
Com o avanço da doença, o número de manchas ou o tamanho das já existentes aumentam e os nervos ficam comprometidos, podendo causar deformações em regiões como nariz e dedos, e impedir determinados movimentos, como abrir e fechar as mãos. Além disso, pode permitir que determinados acidentes ocorram em razão da falta de sensibilidade nessas regiões.
“Lepra”, designação antiga desta doença, era o nome dado a doenças da pele em geral, como psoríase, eczema e a própria hanseníase. Devido ao estigma dado a esta denominação e também ao fato de que hoje, com o avanço da medicina, há nomes apropriados para cada uma destas dermatoses, este termo deixou de ser utilizado (ou, pelo menos, deveria ter sido).
Angra receberá a Carreta da Saúde
Prefeitura trará carreta para diagnóstico de hanseníase, tuberculose e DST/Aids na próxima semana