Será que tanto a quantidade como a qualidade da água no planeta atendem as expectativas de hoje e do futuro? Como o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) está gerindo a rede de abastecimento? Como está se dando o controle das doenças provenientes da água? Qual o papel dos educadores e de cada um de nós para garantirmos que ela não falte no futuro?
Essas e diversas outras indagações foram temas do Seminário do Dia Mundial da Água, realizado pela Secretaria de Meio Ambiente de Angra no Centro de Estudos Ambientais (CEA), na noite de segunda-feira, 23.
O público presente, composto por grande número de alunos e professores do Curso de Alfabetização para Jovens e Adultos (EJA), lotou o auditório do CEA e participou ativamente do seminário fazendo questionamentos diversos aos palestrantes.
A aluna Regina, do Morro do Peres, ficou atenta a todas as palestras e disse que foi muito importante ter se deslocado de sua comunidade, junto com o filho adolescente, para aprender um pouco mais sobre como as donas-de- casa podem contribuir para economizar a água.
_ Eu não sabia que era tão necessário economizar água. Agora sei que se todas as donas de casa fecharem mais as torneiras, já estaremos ajudando o planeta. Os ensinamentos também foram importantes para o meu filho. Ele também precisa conhecer mais e fazer a parte dele em casa, na escola e na vida toda - explicou ela.
Da Secretaria de Meio Ambiente, além da equipe do CEA, estavam presentes o subsecretário de Meio Ambiente, Ricardo Toledo, e o coordenador de Resíduos Sólidos, Fábio Jordão, que foi um dos palestrantes.
Ricardo agradeceu a participação dos presentes lembrando que, além de todos contribuírem para economizar água e evitar a poluição de rios, córregos e nascentes, ainda existe outra parte que também é de responsabilidade da população, que é manter em dia o pagamento da conta de abastecimento, porque o custo para manter os 62 sistemas de abastecimento de água do município em boas condições é uma tarefa muito complexa. Explicou que a inadimplência é grande no Saae, serviço municipal que é responsável por uma importante parte da rede de captação, tratamento e distribuição de água em Angra. A outra parcela da distribuição é de responsabilidade da Cedae.
O seminário foi aberto com a palestra proferida pelo gerente de Engenharia do Saae, o engenheiro civil, Alexandre Giovanett, que falou, dentre diversos assuntos, que o desafio maior para o futuro é como o município deve agir para fornecer água em quantidade suficiente e com qualidade para a população, mantendo como focos atingir resultados satisfatórios e realizar uma gestão valorizando o repasse de informações para as comunidades envolvidas, estimulando-as a participar do processo. O engenheiro explicou as legislações vigentes no país, que instituem a política de gestão de recursos hídricos, e falou sobre os estudos que o SAAE vem fazendo em relação às bacias hidrográficas do município.
Em seguida, a representante da Vigilância Epidemiológica da Fusar, a médica sanitarista, Simone Moreira Pereira, e o médico Carlos Henrique falaram sobre o papel da vigilância sanitária no município, que tem dentre diversas funções, controlar surtos de doenças e atuar junto ao Saae para investigá-las e acabar com os focos. Deram exemplos de como devemos evitar doenças provenientes direta e indiretamente da água, como a verminose, hepatite e dermatoses, alertando que o principal é se seguir regras básicas de prevenção e incorporá-las no nosso dia-a-dia.
A educação ambiental nas escolas foi o tema da palestra do professor da rede estadual, Wanderley Nunes de Souza. Ele frisou que estimular o questionamento dos alunos é de fundamental importância para discutir a sustentabilidade da água e citou o educador Paulo Freire, lembrando “ que ninguém educa ninguém, que a educação dever ser feita em comunhão”. Lembrou que o assunto sempre foi muito discutido nas escolas, mas que os educadores devem ter como principal objetivo estimular o senso crítico dos alunos, para que questionem sempre e participem cada vez mais das ações de preservação ambiental.
O palestrante que representou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Sérgio Ferreira de Menezes, abordou as incertezas da saúde ambiental no município e suas perspectivas sócioeconômicas e ambientais, mostrando suas complexidades. Segundo ele, não devemos esquecer que os grandes vilões, os que mais desperdiçam água no planeta são, em ordem crescente, o setor agrícola, as indústrias e, por último, a população. Explicou que a má distribuição de renda, a migração da população para a área urbana e os projetos desenvolvimentistas são os grandes fatores de desequilíbrio ambiental em todo o mundo.
O seminário foi encerrado com o coordenador de Resíduos Sólidos da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Fábio Jordão, falando sobre o programa de reciclagem que a prefeitura está implantando em Angra. Durante sua fala, exemplificou, com imagens de antes e depois, diversas situações problemáticas, que hoje estão resolvidas, depois de um trabalho de conscientização maciço feito pelos mobilizadores ambientais da secretaria. Falou sobre os diversos serviços implantados, como o Ponto de Entrega Voluntária de Descartes (PEV), que está funcionando a todo vapor no Cais dos Pescadores, para receber descartes orgânico e reciclável das ilhas, das áreas próximas ao cais, e todo o tipo de lixo produzido nos bairros do Centro e morros, que comumente não é levado pelos caminhões da coleta (sofás, móveis, colchões e entulhos de construções). Fábio Jordão fechou o evento solicitando aos presentes que repetissem com ele a frase que sempre usa em suas palestras: “Recicle no presente para ganhar de presente um futuro melhor”.