Inclusão digital para deficientes

A partir deste mês, servidores farão curso e receberão contracheque em Braille

Terça-Feira, 10/03/2009 | .

A Prefeitura de Angra dos Reis iniciou nesta terça-feira, dia 10, o Curso de Instrutor de Programas de Informática para Deficientes Visuais. A iniciativa é uma parceria de órgãos municipais com o Instituto Benjamin Constant (IBC) e visa ampliar a acessibilidade de deficientes visuais à tecnologia, contribuindo para a inclusão digital. O curso contempla funcionários da prefeitura que atuam na área de informática como instrutores e que possuam ou não deficiência visual. A intenção é que esses mesmos funcionários atuem, ainda este ano, como multiplicadores desse conhecimento, em projetos de inclusão digital da prefeitura.

 No ano passado, funcionários da prefeitura participaram de curso semelhante, ministrado na sede do IBC, no Rio.

 – Aquele foi o primeiro módulo do curso, onde aprendemos a trabalhar com o programa Dosvox, um sistema operacional que permite ao deficiente fazer coisas como digitar textos e navegar na rede. Agora, vamos aprender o Jaws e Virtual Vision, utilizados como leitores de tela – explica Marcelo de Souza, Coordenador do Centro de Apoio Pedagógico para Deficientes Visuais (CAP), da Escola Municipal para Deficientes Visuais. Marcelo será o único vidente a fazer o curso. “Vidente” é um termo utilizado para definir as pessoas que enxergam. Os outros alunos são cegos ou de baixa visão.

 O CAP funciona no espaço da Escola Municipal para Deficientes Visuais e oferece suporte a alunos com deficiência matriculados na rede de ensino, dando instruções para os mesmos e adaptando para o Braille materiais pedagógicos, como livros e textos. Atende alunos de Angra e municípios vizinhos como Paraty, Mangaratiba e Rio Claro. Do CAP, além de Marcelo, também farão o curso Rafael Ferreira, agente administrativo, Michele Pimenta, professora, e a aluna Marilene Mafort.

  – Pretendemos repassar esse conhecimento aqui no CAP. No curso, teremos também a participação de um funcionário do Projeto Teclar, porque, se um deficiente procurar o projeto, receberá um atendimento especializado – disse Marcelo.

 O curso terá 10 aulas e vai até o dia 19 de maio. As aulas serão das 9h às 16h, no laboratório de informática da Escola Municipal de Educação de Surdos. O professor José Francisco de Souza, do IBC, virá do Rio para ministrá-las. Completam o grupo de alunos: Laílson da Cruz, do Projeto Teclar, e Jorge Luís Nunes, do Saae.


CONTRACHEQUES EM BRAILLE
 Além do Curso de Instrutor de Programas de Informática para Deficientes Visuais, outro passo importante dado pela Prefeitura de Angra no sentido da inclusão é a disponibilização do contracheque em Braille para seus funcionários deficientes, o que será feito já no pagamento deste mês. O Departamento Pessoal enviará o arquivo contendo os contracheques ao CAP. Este fará a adaptação e a transcrição para o Braille para os funcionários que o solicitarem.

 – O mesmo irá valer para os comunicados que costumam vir grampeados nos contracheques. Eles também serão transcritos – ressaltou Marcelo.

 – Isso vai nos ajudar muito, pois o deficiente recebe seu contracheque e nem sabe o quanto recebeu – disse Michele, professora do CAP e deficiente visual. 

 Os funcionários receberão o contracheque impresso em Braille e o original, já que em Braille, não possui valor legal.

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