Durante uma reunião realizada na quinta-feira, 5, na gerência do Porto de Angra dos Reis, Cia. Docas do Rio de Janeiro, foram discutidos os problemas enfrentados pelo município, que atingem principalmente os trabalhadores do Porto de Angra, com a não-utilização da malha ferroviária. A carga existe e o interesse das empresas em utilizar o porto também, mas a falta de logística e o valor da taxa do transporte as afastam de Angra.
A reunião foi proposta pela Prefeitura de Angra dos Reis, através da Secretaria de Atividades Econômicas, com o objetivo de cumprir a pauta retirada de um encontro recente com os sete sindicatos. Nela, foram enumerados alguns fatores que contribuem com a ociosidade do Porto. Ficou identificado que o problema do Porto é a ferrovia. Desde dezembro do ano passado, não há cargas sendo operadas através dele.
Estiveram presentes, além do secretário de Atividades Econômicas, Alexandre Tabet e sua equipe e o gerente do Porto- Cia. Docas, Francisco José de Almeida, o representante da FCA, o coordenador de Relações Institucionais, José Osvaldo Cruz.
O coordenador da FCA, José Osvaldo Cruz, ficou de retornar a Angra no dia 27 de fevereiro, depois de apresentar a pauta de solicitações de Angra à empresa.
-Identificamos a dimensão do problema e buscaremos soluções. Precisamos olhar Angra como um cliente a longo prazo. Mas para isso precisamos ter noção do fluxo e volume imediatos das operações portuárias para poder nos planejar-disse Osvaldo, que ficou de apresentar soluções para a falta de vagões e locomotivas na ferrovia, se inteirar dos serviços que vão ser oferecidos pelos trens e verificar a possibilidade de recuperar os 100 km da via férrea, que custará à FCA R$ 34 milhões.
-Estamos buscando alternativas num esforço comum das partes interessadas em ajudar o Porto. A nossa dificuldade é o acesso ferroviário. No ano passado, 100% da operação portuária foi feita pela rodovia. As carretas estrangulam o trânsito. O ideal é que essa operação seja centralizada na ferrovia e complementada pela rodovia-falou Francisco de Almeida, gerente do Porto.
Mais cargas
O coordenador de Logística Internacional da Saint-Gobain, Umberto Reis, e o analista de Comércio Exterior da mesma empresa, Fábio Vilela, foram convidados a participar do encontro, já que a Saint-Gobain tem interesse em operar no Porto, desde que possa utilizar a via férrea.
A Saint-Gobain possui empresas como: Saint-Gobain Canalização, Brasilit, Saint-Gobain Vidros, Saint-Gobain Abrasivos, Saint-Gobain Cerâmicas e Plásticos, Saint-Gobain Quartzolit e Saint-Gobain Materiais Cerâmicos. Dez empresas em operação.
-Temos em Angra uma série de vantagens. É do interesse da empresa utilizar o Porto, desde que sejam revistos valores da tarifa aplicados pela FCA e que a ferrovia tenha condições de ofertar serviço- falou Umberto Reis.
Atuando há quase 70 anos no Brasil, a Saint-Gobain vem apresentando contínuo crescimento, tanto em volume de operação como no número de atividades. O Brasil é hoje um dos países onde o grupo está presente com a sua gama mais completa de atuação. Ela tem: 46 unidades industriais, 10 sítios de mineração, 38 lojas em 50 cidades e 8 estados, 12 mil funcionários e um faturamento bruto em 2007 de R$ 6 bilhões.
-Além da Saint-Gobain, a Gerdau também tem interesse em movimentar sua carga pelo porto e temos que definir prazos para resolver estas questões com a FCA. Estamos fechando a carga da CSN, que atualmente é movimentada pela Sepetiba Tecon, no complexo portuário de Sepetiba, que está fazendo obras de ampliação de seu terminal. Durante 18 meses esta carga passaria pelo porto de Angra e utilizaria a ferrovia-falou o secretário de Atividades Econômicas, Alexandre Tabet.
O secretário adiantou que também está sendo fechado com a Maltaria Angra Rio um contrato de utilização do Porto. Mas, para que esse projeto se concretize, o governador do Rio, Sérgio Cabral, terá que assinar a lei de redução de ICMS para este produto: de 16% para 3%.
-Serão 200 carretas diárias com malte e cevada. Estamos regulamentando controladores de trânsito para equacionar o problema da via rodoviária no Centro-explicou Alexandre, salientando que o projeto de redução de ICMS deve ser assinado ainda neste mês pelo governador.