A cidade de Angra dos Reis parou na noite da Sexta-Feira da Paixão, dia 10, para acompanhar a Procissão do Enterro. O evento começou às 19h no convento do Carmo, no Centro, com uma encenação dos últimos momentos da vida de Jesus Cristo. De lá, percorreu as ruas antigas da cidade levando uma multidão de fiéis, que demonstravam sua fé entoando cânticos religiosos e orações durante todo o percurso. Mais uma vez, os festejos da Semana Santa recebem o apoio da Prefeitura de Angra e da Cultuar.
A Sexta-Feira da Paixão é um momento de luto e introspecção para todos os católicos, já que a data marca a crucificação de Cristo. Mas, em Angra, é nela que se realiza o que se tornou uma das atividades mais tradicionais do calendário cultural da cidade, a Procissão do Enterro, que representa a morte e o sepulcro de Cristo. O luto simbólico e o tom fúnebre, inerentes à ocasião, se misturam à animação dos fiéis, diante da grandiosidade da manifestação. A chuva ameaçou algumas vezes, principalmente no começo e no fim, mas não chegou a cair forte e o evento ocorreu sem problemas.
A noite começou com a encenação da Paixão de Cristo, no palco montado em frente ao convento do Carmo. A história é uma das mais interpretadas de todos os tempos e mostra os últimos momentos de Cristo: a Santa Ceia, suas palavras no Monte das Oliveiras, a traição de Judas e sua captura pelos soldados romanos, o julgamento por Pilatos, a via-crúcis, a crucificação... Embora bastante conhecida, a história sempre emociona.
Após o fim da crucificação de Jesus, termina a parte teatral e começa a procissão. Um esquife representando o corpo de Jesus a caminho do sepulcro foi conduzida pela multidão. Partindo do convento do Carmo, a procissão saiu pela Rua Frei Inácio, contornou a Praça General Osório, seguiu pela Rua da Conceição, Cônegos dos Bittencourt, Praça Nilo Peçanha etc. Em frente à Igreja Matriz, à sede da prefeitura e à Paróquia Nossa Senhora da Conceição, foram feitas paradas para que entrasse em cena a cantora lírica Leni Seixas Peixoto, interpretando o tradicional canto da personagem bíblica Verônica. Segundo a religiosidade, Verônica foi quem enxugou a face de Jesus em sua via-crúcis. Leni, que faz parte do coral da cidade e interpreta a personagem há 15 anos, foi acompanhada pela banda da Defesa Civil de Angra.
A imagem original de Nossa Senhora das Dores, do século XVIII, que representa as dores de Maria, mãe de Jesus, também foi conduzida, logo atrás do esquife. Representantes das tradicionalíssimas Irmandade de São Benedito, Ordem Terceira do Carmo e Ordem Terceira de São Francisco participaram da procissão. Ao final, de volta ao convento do Carmo, o frei Alonso Gustavo Malaquias, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, rezou o terço com o público e pediu as últimas saudações a Jesus e Maria. O frei Fernando Bezerra, da Ordem Carmelita, veio de Belo Horizonte especialmente para acompanhar o evento. A parte profana da festa ficou por conta da quermesse montada no Aterro do Carmo para toda a Semana Santa. Centenas de barracas com comidas, bebidas, roupas, brinquedos e diversos outros artigos incrementam as festividades.