O prefeito Tuca Jordão entregou na segunda-feira, 16, ao diretor-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, um dossiê com as contrapartidas solicitadas à empresa para o município, com a retomada das obras de Angra 3. São R$ 330 milhões em projetos, que serão revertidos para a população. Esses recursos serão investidos em saneamento básico, habitações populares (2 mil casas), questões sociais e ambientais e na educação integral, entre outros. Os recursos serão repassados ao longo da construção, em torno de seis anos. Todas as secretarias do governo elencaram projetos. Apenas a TurisAngra ficou de fora, por estar buscando parcerias com outros segmentos.
A reunião, que aconteceu no Gabinete do prefeito contou com as presenças de Leonan Guimarães, assessor do presidente da Eletronuclear, dos secretários de Governo e Defesa Civil, Carlos Alexandre Soares, de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Ricardo Tabet, e de Atividades Econômicas, Alexandre Tabet.
-Todos os projetos têm condicionantes do Ibama, não inventamos nada. Além das contrapartidas solicitadas, ainda estamos estudando uma forma de firmarmos uma parceria com a empresa para a manutenção do hospital municipal, que está sendo construído na Japuíba, e ainda na implantação de cursos profissionalizantes para formar mão-de-obra local. São 9 mil empregos gerados pela usina Angra 3, e os nossos jovens terão tempo para se preparar. O presidente Othon ficou de nos dar um retorno em 10 dias-falou o prefeito Tuca Jordão, adiantando que de 15 a 20 dias estará liberando a licença para a construção de Angra 3.
O presidente da Eletronuclear, que tem cerca de 30 dias para apresentar a resposta da empresa para a viabilização dos projetos, garantiu que em até 10 dias se reunirá com o prefeito.
-Dentro dos limites, iremos fazer o possível para atender as solicitações do prefeito, que quer o melhor para o município. Reafirmamos o compromisso social que temos com a região, de empregar mão-de-obra local, por isso estamos negociando investimentos para a capacitação profissional, com a implantação de cursos técnicos. Serão usadas as estruturas da rede de ensino de Angra. A população do município terá prioridade-garantiu o presidente da Eletronuclear, adiantando que 80% dos postos de trabalho gerados serão ocupados pela população da região.
O prefeito Tuca Jordão aproveitou a ocasião e reiterou ao presidente a sua intenção de buscar os royalties da energia nuclear que deveriam ser gerados pelo complexo nuclear.
-Angra 1 e Angra 2 vendem R$1,7 bilhão de energia ao ano, o que queremos é, por direito legal. Existe um projeto de lei do ex-senador Sérgio Cabral sobre a cobrança de royalties de energia nuclear, e o senador Paulo Duque está colocando seu peso político na bancada do Rio para nos ajudar neste empreendimento. Não queremos o percentual máximo sobre o rendimento líquido, 5%, mas, que cheguemos a um acordo para que Angra receba o que lhe é de direito-afirmou o prefeito.
O prefeito Tuca Jordão adiantou que notificou à empresa a respeito de notícias veiculadas na mídia escrita, que dava conta sobre a liberação da Cnen para o início da concretagem de Angra 3.
-A prefeitura é que legisla sobre o uso de solo do município, e ainda não liberamos a licença para a construção de Angra 3. Isso acontecerá de 15 a 20 dias-falou o prefeito.
Pensando ainda na população, o prefeito Tuca Jordão, numa audiência pública na quarta-feira,11, na Associação Estadual de Municípios-RJ (Aemerj), onde ocupa o cargo de vice-presidente da Região Médio Paraíba e Baía da Ilha Grande, conseguiu que o Dnit fizesse a duplicação da pista da Rodovia Mário Covas, ex-Rio-Santos, até Paraty. No projeto original constava a obra de Itacuruçá até Itaorna, onde está instalado o complexo nuclear. A construção está orçada em R$800 milhões.
Vale lembrar que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) impôs 44 condicionantes a serem cumpridas pela Eletronuclear para construir a usina nuclear Angra 3. As exigências constam da licença de instalação assinada pelo presidente do Ibama, Roberto Messias. O Ibama manteve, por exemplo, a exigência da construção de um novo depósito para armazenar os resíduos nucleares, que serão produzidos pela usina.